segunda-feira, 2 de abril de 2007


As Profecias de todos os tempos
:: Vera Helena Tanze ::

Meus amigos,
Entre os mistérios que nos envolvem estão as profecias. O intrigante é que não há métodos ou fórmulas de obter, nem como saber se estão corretas. O pior de tudo é a questão do tempo: Não tem como precisar o tempo exato em que ocorrerá, fato que leva muitos a caírem no descrédito.
Costumo receber este tipo de informação desde criança, o que é horrível, pois gera impotência, descrédito e por vezes pavor, frente às imagens que chegam à mente. Por que será que não recebemos os números da loteria ou profecias alegres? Impressionante! Sou uma pessoa de alto astral, que acredita num mundo melhor, então, se fosse para receber algo de acordo com a vibração, eu deveria ver “borboletas”... mas vejo caos, o que muito me entristece.

Nunca divulguei nada, nem o farei, pois datas não são precisas, gera-se medo e isso nada acrescenta. Acho que já lhes contei, que comecei a divulgar, após ter acertado sobre o 11 de Setembro, em NY, estimulada por minha mãe, que nunca acreditou em nada, a não ser nos dogmas da Igreja Católica, meio em que fui criada.
Então, hoje, como mera espectadora, sento-me com vocês, nas cadeiras deste anfiteatro chamado vida, para juntos analisar por cima um pouco destas profecias, algumas milenares.
Neste espaço, não temos condições de falar de muitas e nem em profundidade. Por isso, mencionaremos as mais conhecidas.

Eu já escrevi sobre o governo Oculto da Terra, o Echelon, e de como as máfias manipulam nossa fé, as verdades. Dentro deste contexto, uma das profecias mais temidas, que é a terceira revelação de Fátima, foi impedida de ser divulgada pelo Papa João Paulo II, cuja máxima é Totus Tuus (Totalmente Teu), e em cujo brasão resplandece um grande M, de Maria, de quem é devoto e fiel. É uma nítida demonstração de que há pessoas do bem que conhecem e sabem lidar com as forças do mal. O 1º segredo era a morte em breve de seus dois primos (Jacinta e Francisco), que presenciaram a cena. O 2º era a ocorrência da 1ª grande guerra, da segunda e da Aurora Boreal ocorrida em 1938, antecedendo a segunda guerra. O 3º segredo de Fátima, está bem guardado nos cofres do Vaticano. Primeiramente, Lúcia, a única sobrevivente do milagre de Fátima de 1917, a entregou ao Bispo de Leiria, indo parar nas mãos do Papa João XXIII. Apesar de estar escrito em português, todos que o leram, entenderam perfeitamente. Vazou a informação de que o Papa João XXIII, em 1963, após ler o conteúdo, tenha desmaiado e decidiu em seguida enviar cópias aos EUA, à antiga União Soviética e à Inglaterra, a fim de que os chefes destes governos soubessem as desgraças que viriam numa 3ª guerra mundial.
Oficialmente a Igreja divulgou o seguinte: ”Nós devemos estar preparados para sofrer dificuldades num futuro não muito distante...”
Um pouco depois, em 1980, Papa João Paulo II, coincidentemente, sofreu um grave atentado.

As previsões do profeta mais conhecido da era pós Cristo são de Nostradamus, nascido em 1503 na França. Médico, fez também previsões para os Reis Henrique, Francisco II e Carlos IX. Na presença deste último fez uma de suas principais profecias: O rei Carlos IX levou pessoalmente um documento a Nostradamus, nomeando-o médico da família real. Na comitiva havia um jovem e a Nostradamus foi pedido para examinar algumas manchas no corpo dele e acabou por lhe dizer: ”Você será o futuro rei da França”. O menino era Henrique de Navarra e se tornou o rei Henrique IV. Por volta de 1540, ele começa a escrever suas “Centúrias”, coletânea de profecias para serem decifradas por poucos.

Algumas das profecias que se cumpriram:
Morte do rei Henrique II da França; cent. I-35,
1ª guerra mundial; cent. V-85,
Holocausto; cent. IX-17,
Aliança Itália-Alemanha; cent.III-63,
Nazismo e a segunda guerra mundial; cent. I-61,
Bomba Atômica; cent.II-91,
Atentado ao Papa João Paulo II; cent.II-97,
Atentado ao World Trade Center; cent. V-65.

Algumas profecias não cumpridas:
Colapso no sistema financeiro; cent.VIII-28
Destruição de Nova York; cent.VI-97
Terceira guerra mundial; cent.X-72 e finalmente a grande paz, cent.VIII-77.
Peço aos interessados que verifiquem as centúrias citadas, pois não há espaço neste artigo para as colocar.

Há também as lendárias profecias do Mago Merlim, que ninguém sabe ao certo onde viveu, se na Escócia ou Inglaterra, se no século V ou VI. Para alguns: Myrddhinn, Myrddin ou Merzim.
Para alguns, era filho de uma princesa que o gerou virgem no convento em que vivia, para outros era filho do demônio, enfim, muito mistério e pouco conhecimento. Devido à falta de informações, sua figura foi mistificada sendo que os primeiros informes sobre esta figura, chegaram ao conhecimento público apenas no séc. XIII no poema Merlim, escrito por Robert Borron, que infelizmente não chegou inteiro aos nossos dias. Graças aos seus dons proféticos, teria se tornado protetor do também lendário Rei Arthur. Apaixonado pela Dama do Lago, Viviane, lá construiu um mausoléu para ser com ela enterrado, mas foi enganado e lá foi enclausurado. Diz a lenda que só poderá sair de lá no dia do Juízo Final Suas profecias foram editadas em Veneza, em 1279, mas sem grande repercussão por serem muito herméticas e satíricas.

Profecias que já se cumpriram:
A descoberta da América, a Revolução Francesa, a morte de Mussolini.

Profecias não cumpridas:
Inversão do eixo terrestre, grande guerra (3ª).
A vinda do Papa Negro (alguns apontam como um Papa de origem negra, que indicaria o fim da Igreja Católica Romana).
Corrupção e materialismo (que na verdade correspondem à luxúria atual em que estamos mergulhados).

Outro misterioso alquimista que nos deixou profecias foi o mago Ladino. Chamado Gerolamo Tovazzi, nascido em Friuli, no norte da Itália, por volta de 1686. Utilizava a rima, o que facilitava o entendimento. Sua obra completa é de 147 cantos e descreve acontecimentos de 1750 a 3000, que ele diz ser “o final dos tempos”.

Profecias já cumpridas:
A época das máquinas (automóvel e avião, além dos efeitos nefastos causados pela alta tecnologia), Bomba atômica, Segunda Guerra Mundial, A queda do muro de Berlim e a construção do muro de Ariel Sharon, atual líder de Israel.

Profecias não cumpridas:
Mudança no Eixo Terrestre (aqui o mago ainda insinua a chegada de seres extraterrestres, os chamados homens-espuma, por ele), crise na Igreja Católica, a vinda do anticristo que se mostrará como um santo, o fim da Igreja Católica (ele diz que a Basílica de São Pedro será transformada numa grande mesquita).

Outro homem que fez profecias, foi um argentino chamado Parravacini. Nascido em Buenos Aires em 8 de agosto de 1898, Benjamim Solari Parravacini está entre os grandes profetas da era moderna. Costumava fazer profecias desenhando elementos rudimentares, e ao lado destes escrevia um pequeno trecho profético. No total, foram 700 desenhos/mensagens. Sua fama aumentou quando desenhou Mussolini e sua amante, mortos e dependurados de cabeça para baixo, nove anos antes do acontecimento. Além disso, narrou detalhes da bomba atômica, da aliança da Alemanha e Itália na Segunda Guerra e diversos outros acontecimentos.
Para ele a Humanidade Terrestre é uma criação de extraterrestres, que nos vigiam, mantendo bases de difícil acesso, como no pólo Sul. Cristo teria ligação com tais seres. Essas teses não foram ainda comprovadas.

Outros profetas falaram em extraterrestres desde o início dos tempos inclusive na própria Bíblia. Seja como for, Parravicini já acertou diversas previsões importantes. Prevê para os tempos atuais a 3ª Grande Guerra que envolverá a China, o que já foi dito por Ashtar Sheran por diversos canais.
Em 1939 ele previu os atentados ao World Trade Center, bem como em 1938 previu a Segunda Grande Guerra.

Não podemos deixar de mencionar Edgar Cayce, uma pessoa simples, sempre disposto a ajudar as pessoas. Nascido em 1877 nos Estados Unidos, era fotógrafo e ensinava religião numa igreja presbiteriana. Aos sete anos já demonstrava sua sensibilidade quando dormia sobre um livro aberto e ao acordar havia-o memorizado completamente. Aos 21 anos foi acometido por uma paralisia gradativa dos músculos da garganta e foi desacreditado pelos médicos. Um médico de vanguarda resolveu usar hipnose e foi aí que ele mesmo viu como curar-se e ensinou aos médicos, curando-se. Passou a ser objeto de estudo, pois conseguia ver nitidamente o que não funcionava no corpo humano, bem como fazia profecias e hipnose que ele chamava de sonhos proféticos. Nunca cobrou, nunca fez disso um comércio, nem se aproveitou de sua fama. Além de suas capacidades mediúnicas deixou-nos profecias, entre as quais se destacam:

1 - “ Em três lugares da Terra foram escondidos os documentos da verdade. Quando a humanidade vier a descobri-los, muitas coisas mudarão. Os conceitos de riqueza e de pobreza serão modificados... serão superados os direitos de direita e esquerda e todo o conflito entre capital e trabalho”.
2 - Num futuro próximo, só não passará fome quem tiver seu pedaço de terra para plantar. Tudo que mantém a vida provém da terra, por isso é preciso voltar a ela.
3 - Haverá uma nova ordem econômica e social, onde cada pessoa por sua própria atividade terá oportunidade de expressão, trabalho e produção. “Ai daqueles que conservam rigidamente suas riquezas para uso pessoal e ai daqueles que desperdiçam as riquezas em nome do povo”.

Um dos principais profetas dos tempos modernos é Conde Hamon, nascido em Dublin na Irlanda em 1866. Ele tinha o estranho dom de tocar a mão ou algum objeto de uma pessoa e contar toda a vida dela. Foi o responsável por profecias impressionantes:
O fim dos Czares da Rússia prevista em 1910, sendo que em 1918 todos os membros da família imperial Romanov foram assassinados. A última parte dessa profecia que diz que os alemães tomarão aquele palácio - talvez na 3ª Guerra - ainda não se concretizou.
Profecia já cumprida da constituição do Estado de Israel na Palestina.
A destruição de Nova Yorque prevista por muitos, mas que se prefere interpretá-la como tendo sido a atentado de 11 de Setembro, embora pela profecia de Hamon, isso acontecerá a partir do canal de Erie, próximo ao Canadá,
Destruição de Londres provavelmente numa 3ª guerra.
As três guerras mundiais: ”Haverá três guerras mundiais, a primeira durará 4 anos, a segunda cinco anos a terceira 5 meses. A primeira trará a fome, a segunda o ódio e a terceira os venenos”. Muitos profetas, inclusive Nostradamus, dizem que a 3ª guerra durará 27 anos, entretanto podemos entender como sendo o tempo que durará o efeito das armas usadas na 3ª guerra.

As profecias Maias são as que mais se aproximam do que eu pessoalmente venho recebendo desde criança. Ela merece um capítulo especial, porém citaremos os pontos mais importantes. Os Maias existiram entre os séculos dois e 9 do nosso calendário, na Península de Yúcatan, México, Guatemala e parte de Honduras. Por motivos desconhecidos por volta do ano 900, desapareceram sem deixar resquícios. O que restou deste fabuloso império foi destruído com a invasão espanhola, mas mesmo assim as civilizações que vieram depois como os Aztecas e Incas, perpetuaram parte de seu conhecimento. Segundo eles nós estaríamos vivendo agora na 4ª era do Sol, sendo que antes da criação do homem moderno existiram três eras anteriores destruídas por cataclismos: a primeira pela água, a segunda pelo vento, a terceira pelo fogo e a quarta seria destruída pela fome depois de uma chuva de sangue e fogo. Segundo os Maias, a atual era começou em 3.113 a.C. e deverá terminar por volta de 22 de dezembro de 2.012, após o que se inicia uma nova era por um período de 1.040 anos.
A era atual iniciada em 3.113 a.C. marca o “nascimento de Vênus” e deverá terminar em 22 de dezembro de 2.012 quando este simbolicamente morrerá, ou seja “quando desaparecerá por trás do horizonte ocidental, no mesmo instante em que a constelação das Plêiades nascerá a leste. Esta data fechará um ciclo Maia de 5.125 anos. Cabe anotar que Maia é o nome de uma das estrelas das Plêiades. Será coincidência”?
Estudiosos acreditam que esta seja a data do juízo final, que mudará a face da Terra.

Poderíamos citar diversos outros profetas, como Sutzer, Cassert, Jeane Dixon entre outros. Porém nossa intenção com este artigo é frisar - com pouca sombra de dúvida - que estamos nos momentos finais de uma era de muito sofrimento e caos e para que possamos ultrapassá-la devemos nos voltar para o autoconhecimento, para a solidariedade, a reforma íntima e a humildade, valores esses tão pouco cultivados e que serão decisivos para uma Nova Era.
Muita Luz!

sábado, 24 de março de 2007

O Legado dos Flintstones

O Legado dos Flintstones
© Luis Alfonso Gámez, publicado em Magonia
Tradução gentilmente autorizada

Javier Cabrera Darquea foi o herdeiro dos Flintstones, o guardião da "mais revolucionária e antiqüíssima mensagem de que temos notícia" [Benítez, 1975]. O texto está registrado em mais de 15.000 pedras de tamanhos diversos que o médico peruano tinha amontoadas em três quartos do centro-museu de Ica, como ele pomposamente chamava a sua casa. As pedras arredondadas de Cabrera são o único vestígio de um passado remoto no qual o homem caçava dinossauros, realizava complexas operações cirúrgicas, sulcava os céus a bordo de aves antediluvianas e perscrutava o firmamento através de telescópios. As pedras de Ica são, para alguns, a "descoberta mais importante desta humanidade". Seu proprietário estava convencido de que demonstram que a Terra abrigou uma civilização avançada no Mesozóico.

Tudo começou em 1966, quando o médico recebeu de um amigo "uma pequena pedra de cor na qual um estranho pássaro aparecia". O 'peso de papéis' chamou a atenção de Cabrera, que chegou à conclusão de que o pássaro era um pterossauro, o representante de um grupo de répteis voadores extinto há 65 milhões de anos. Ele perguntou a seu amigo onde tinha adquirido o pedregulho e ele lhe contou que os camponeses de Ocucaje, uma cidade próxima de Ica, os gravavam. Intrigado, pôde dar em seguida com os nativos que vendiam as pedras gravadas e começou a comprar todas as que lhe colocavam diante dos olhos. 'Descobriu' que as pedras que Basilio Uchuya lhe proporcionava maciçamente podiam ser ordenadas em séries.


Uma civilização tecnológica no Mesozóico
Nove anos depois, a 'biblioteca lítica' estava composta por cerca de 11.000 exemplares, que constituíam "a mais estremecedora, rotunda e completa prova da existência de outra civilização que povoou o planeta" na época dos dinossauros [Benítez, 1975]. Então, apareceu em cena Juan José Benítez, repórter do jornal de Bilbao 'La Gaceta del Norte.' O jornalista se sentiu cativado por Cabrera e por algumas pedras que demonstravam um conhecimento "que faziam empalidecer nossa soberba civilização". Assim, 'aprendeu' que dos ovos de dinossauro saíam larvas, que logo sofriam uma metamorfose - tal como bichos de seda - e se convertiam em tiranossauros, brontossauros ou triceratops. Assim, se sentiu maravilhado com os conhecimentos médicos dos terrestres antediluvianos, capazes de realizar transplantes de coração, rim, pulmão, fígado... e até cérebro. Assim, soube que o desaparecimento desses 'lagartos terríveis' tinha sido causado por esses 'homens gliptolíticos' - como Cabrera chamava os produtores de pedras - e o choque contra nosso planeta de dois de seus três satélites, que provocaram por sua vez o afundamento de Atlântida. Assim, se inteirou de que aquela civilização não só conhecia a aviação, mas também que tinham abandonado a Terra em direção às Plêiades antes do cataclismo. E o intrépido repórter voltou à Espanha disposto a difundir aos quatro ventos o que com o tempo se tornaria um de seus mistérios favoritos.

Os homens gliptolíticos eram, de acordo com as gravuras, pequenos seres cabeçudos de grandes narizes que só vestiam sungas e cobriam seus crânios com adereços de plumas. Apesar de serem capazes de realizar complicadas intervenções cirúrgicas, os cirurgiões mesozóicos não usavam luvas nem cobriam suas faces com máscaras. Eles exploravam o céu com telescópios, voavam a bordo de 'pássaros mecânicos' e viajavam para outros planetas; mas, quando eles declararam guerra aos dinossauros, o fizeram armados com primitivas lanças e facas. Sua civilização foi planetária e construiu as pirâmides do Egito para "captar a energia eletromagnética", explicava Cabrera. Os egípcios, o médico assegurava, "careciam dos meios técnicos necessários para mover e erguer uma grande obra como a pirâmide de Queóps" [Benítez, 1975]. Porém, nas pirâmides não aparecem anões com toucas de plumas, nem foram encontradas pedras semelhantes às de Ica em qualquer outro canto do planeta.

Fernando Jiménez del Oso acredita que "até o aparentemente absurdo pode ser realidade, e as pedras de Ica são uma boa prova disto" [Jiménez del Oso, 1989a]. O visionário psiquiatra é capaz de justificar o injustificável, até o uso de machados e punhais na caça de dinossauros. "Tal aparente incongruência - diz - pode ser explicada de vários modos; entre outras, a muito simples de que uma cultura que evolui no técnico não tem que percorrer necessariamente o mesmo caminho que outra, uma vez que as descobertas mais significantes normalmente se devem à casualidade. Da mesma forma, também poderiam estar aludindo a um esporte ou a um rito, tão 'diacrônico' como pode ser hoje matar touros com um florete quando se dispõe de metralhadoras" [Jiménez del Oso, 1989b; 23]. O fabricante de mistérios ignora que Cabrera descreve a massiva matança de dinossauros como uma 'guerra de morte' entre humanos e répteis, na qual o lógico teria sido que o 'homem gliptolítico' tivesse usado armas potentes e não facas, machados e lanças.

A Terra Mesozóica do médico peruano não tem nada a ver com a da geologia. O mundo de Javier Cabrera inclui a Atlântida e Lemúria, e a conseguinte catástrofe planetária. No caso das pedras de Ica, o cataclismo acontece ao colidir contra o planeta duas de suas três luas. Benítez reivindicou a figura de Cabrera como precursor da teoria científica de acordo com a qual a queda de um meteorito causou a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos [Benítez, 1994]. O escritor afirma que o coletor de pedras se antecipou anos em relação a Luis e Walter Álvarez, mas isso é mentira (1). O novelista mistura tudo para confundir seus leitores e dar credibilidade aos disparates de Cabrera, que diz que a queda de duas luas - 'nunca' de um meteorito - "contribuiu para a anulação do mecanismo reprodutivo dos répteis". A única coisa em que o médico é precursor é em levar a lenda de Atlântida até o tempo dos dinossauros e em povoar a Terra de anões narigudos, cuja avançada civilização nem deveria ser tanto assim quando deixou sua mensagem toscamente plasmada em pedras.

Curiosamente, as pedras com gravações mais realísticas são aquelas que fazem referência às realizações médicas da civilização mesozóica. "Tal realismo no desenho de órgãos como o coração - diz Javier Sierra, diretor da revista 'Más Allá' -, não voltaremos a encontrar em nenhuma das outras pedras, o que fez com que não poucos suspeitem que, uma vez que Cabrera é médico, foi ele mesmo quem mandou esculpir essa série desconcertante imprimindo nela suas próprias idéias" [Sierra, 1994]. Como comprovou o ufólogo turolense em março de 1994, há uns dez anos começaram a aparecer pedras arredondadas em que se adverte sobre a promiscuidade homossexual como fator de risco na hora de contrair doenças, como a AIDS, que debilitam o sistema imunológico.


Gravadas por encomenda

"Entre o huaqueros dos arredores de Lima (2), diz-se que se você informar sua profissão ao médico de Ica, ele se ausentará durante quinze minutos e você poderá escutar o barulho de seu torno de dentista em um quarto nos fundos, antes que regresse das profundidades de seu museu com uma pedra talhada que, por uma estranha e de certo modo artificial coincidência, apresenta um desenho de alguém de um passado distante exercendo sua profissão" [Randi, 1982]. A ironia de James Randi reflete o que os arqueólogos sabem há anos, que os indígenas do povoado de Ocucaje ganham um dinheiro vendendo a Cabrera e aos turistas as pedras gravadas por eles mesmos.

Basilio Uchuya, Pedro Huamán, Aparicio Aparcana e Irma Gutiérrez, entre outros, reconheceram em repetidas ocasiões ser os fabricantes das pedras. Uchuya confessou em 1975 que estava há dez anos gravando pedras para Cabrera e assegurou que copiava os motivos de revistas ilustradas. Naquela ocasião, não levantou suspeitas em Benítez nem mesmo o fato de que o camponês tinha em sua cabana mais de vinte pedregulhos "idênticos a muitos dos que ele tinha visto poucas horas antes no museu de Javier Cabrera". A única coisa que o surpreendeu é que não havia nenhuma pedra de grande volume. O repórter estava convencido de que os habitantes de Ocucaje não podiam ter feito as pedras e, uma vez mais, estava enganado.

Vários espanhóis viajaram até o deserto peruano aos fins dos anos 70 para estudar as pedras de Ica. Um dos que regressaram do Peru com pedras entre sua bagagem foi Félix Ares, atual presidente da ARP-Sociedade para o Avanço do Pensamento Crítico. Em troca de umas quantas moedas, Uchuya grava há anos em pedregulhos os motivos - dinossauros inclusos - que os turistas lhe pedem, como o próprio Erich von Däniken pôde comprovar. Porém, o imaginativo hoteleiro suíço preferiu acreditar em Cabrera porque "as revistas publicam fotografias de coisas reais, que existem. Mas os complicados motivos que as pedras autênticas de Cabrera apresentam não correspondem a nenhuma realidade fotografável deste mundo" [Däniken, 1977]. O que Däniken não explica é por que o ciclo biológico dos dinossauros do médico peruano não tem nada a ver com a realidade, qual é a razão da ausência de répteis "não repertoriados pela ciência ou tipicamente sul-americanos" [Pereda, 1995], e por que os mapas do mundo são aberrantes e não se encontrou qualquer outro vestígio da civilização mesozóica. Ares, por sua parte, conheceu no Peru um dos principais fornecedores de pedras de Cabrera, que lhe disse que os motivos ele copiava de revistas e que o médico limenho o sabia.

Os falsificadores do passado calculam entre 25.000 e 50.000 o número de pedras gravadas, embora as únicas que se conhecem são as que fazem parte da coleção de Cabrera. "O certo - disse Javier Sierra - é que ao visitante ocasional mostram-se apenas algumas poucas centenas" de peças e a maioria é, "contrariamente ao que muitos acreditam, de pequeno tamanho, facilmente manejáveis e com um trabalho que se supõe não ser problema algum a qualquer um dos artistas locais" [Sierra, 1994]. De fato, a 'indústria lítica' de Ocucaje proporciona aos modestos camponeses um dinheiro extra há quase 40 anos. Javier Cabrera e sua ilusória civilização mesozóica são uma significativa fonte de renda.


Pedras autênticas e pedras falsas
"Eu só conheço uma pedra gravada que pode ser autêntica. O resto, todos esses milhares e milhares, são falsas", apontou em 1974 Roger Ravínez, então porta-voz do Instituto Nacional de Cultura do Peru [Benítez, 1975]. Seguro de que a história das pedras mesozóicas arredondadas eram um conto do vigário e que "Cabrera delirava", o arqueólogo fundou seu veredicto em um estudo do estilo das gravações e em "microfotografias das incisões". Juan José Benítez atribuiu a atitude do perito ao dogmatismo da 'ciência oficial', já que Santiago Agurto, ex-reitor da Universidade de Engenharia de Lima, havia encontrado em 1962 duas pedras gravadas em tumbas pré-colombianas de Ocucaje. O autor sensacionalista apresentou estas descobertas como revolucionárias - "um ponto chave a favor da autenticidade das pedras de Ica" - e censurou o "costume funesto" da arqueologia de associar os utensílios encontrados em uma tumba aos restos humanos da mesma. Voltou a passar vexame.

Para o jornalista navarro, as pedras gravadas de Agurto eram a prova definitiva da autenticidade da 'biblioteca lítica'. Nada mais longe da verdade. Estas duas pedras arredondadas foram encontradas em tumbas, não provêm dos camponeses de Ocucaje, e são muito possivelmente autênticas, mas isso não quer dizer nada. Os motivos refletidos nestas duas pedras correspondem aos típicos de culturas pré-hispânicas. Não há dinossauros nem intervenções cirúrgicas nem viagens espaciais; há uma flor estilizada e um pássaro. Desta forma, em Ica existem pedras gravadas autênticas, com motivos característicos das culturas locais, e outras falsas, infestadas de seres antediluvianos.

Cabrera fundamenta sua espetacular coleção em uma primeira pedra, a que Félix Llosa lhe presenteou em 1966. A pedra poderia ter sido obra de Basilio Uchuya ou um autêntico resto arqueológico. Neste último caso, a transbordante imaginação do médico teria se encarregado de transformar o pássaro em um pterossauro. Convencido de uma descoberta 'histórica', Cabrera teria acudido aos camponeses de Ocucaje para dar com pedras novas que confirmaram suas suspeitas. Em troca de dinheiro, Uchuya e companhia as teriam gravado e teriam tornado realidade os sonhos do médico. A evidência a favor da fraude é tal que a possibilidade de engano foi apontada até pelos representantes da ufologia mais crédula [Sierra, 1994]. Assim se explica, além disto, que Cabrera nunca tenha dito onde está o local em que há mais de um milhão de pedras gravadas. A razão é muito simples, tal depósito não existe.

Na segunda metade dos anos 70, as pedras de Ica deram fama a Javier Cabrera dentro do submundo do paranormal, mas elas acabaram com sua credibilidade profissional e arruinaram sua vida familiar. Seus disparates o fizeram objeto do desprezo dos cientistas e das gozações da imprensa, o que lhe acarretou "desprestígio, zombarias e solidão. Ica - explica Fernando Jiménez del Oso - é uma pequena cidade provinciana e não pôde ficar sem castigo que um dos até então mais eminentes cidadãos fora manchete nos jornais nacionais por razões tão pouco merecedoras de elogio. [Em 1978] sua esposa o tinha abandonado, seus pacientes procuraram outro médico menos 'famoso' e seus filhos tinham começado sua particular diáspora. Ele me falou disto com os olhos úmidos da impotência, tão indignado por esse tratamento injusto como poderia ter estado em sua época Galileu" [Jiménez del Oso, 1989b]. Não poderia faltar a referência ao físico e astrônomo italiano, "já que - como dizia falecido Isaac Asimov - ele é o padroeiro (pobre homem!) de todos os malucos auto-compassivos". [Asimov, 1979].


Incisões de dois dias atrás
O médico peruano repetiu até a saciedade até sua morte, em dezembro de 2001, que tinha um relatório científico da Universidade de Bonn que ratifica a autenticidade das pedras. Porém, o único que o viu é Juan José Benítez porque Cabrera "nunca o mostra" [Sierra, 1994]. Como se recorda o jornalista em 'Existiu outra humanidade' (1975), os peritos alemães descobriram uma patina de oxidação natural que cobria "a totalidade da pedra" e que as gravações não eram recentes. Naturalmente, não só se ignora se Cabrera enviou a Bonn pedras com dinossauros ou autênticos restos arqueológicos pré-hispânicos, mas que tampouco existe nenhuma prova de que tal análise foi feita em algum momento. Como se fosse pouco, todos os exames científicos realizados às costas de Javier Cabrera deram resultados negativos.

Quando uma equipe da BBC visitou Ica com a intenção de filmar algumas cenas para o documentário 'The case of the ancient astronauts', o médico não lhes permitiu gravar no centro-museu nem quis falar sobre as controversas pedras arredondadas. Porém, lhes ofereceu o que descreveu como uma genuína pedra de milhões de anos de antiguidade. Pouco depois, a pedra foi analisada no Instituto de Ciências Geológicas de Londres, cujos técnicos chegaram à conclusão de que "as afiadas e relativamente limpas bordas das incisões são notáveis, uma característica que não pode ser preservada durante muito tempo sob a erosão em condições normais". Os peritos britânicos acrescentaram que a imagem havia sido realizada "com posterioridade" ao processo de oxidação que tinha envolvido a pedra de cor marrom [Story, 1980]. O pedregulho poderia ser mesozóico; mas as gravações eram recentes. A equipe de televisão não se surpreendeu diante do fiasco, já que sabia da atividade artística de Basilio Uchuya. Em Ocucaje, o camponês tinha mostrado aos jornalistas britânicos uma foto do armazém de pedras de Cabrera com uma dedicatória, na qual o médico lhe agradecia a condição de fornecedor de pedras.

Mais recentemente, "dois exames realizados na Espanha em 1993 e 1994 sobre algumas amostras importadas do Peru deram resultados negativos, mostrando que [as pedras] foram elaboradas com lixas, serras e ácidos. Mas por quem e para quê?", perguntam-se ainda alguns [Sierra, 1994]. O próprio Cabrera reconheceu em 1974 que os camponeses de Ocucaje tinham começado "a fabricar algumas dessas gravações. Mas posso lhe assegurar - dizia a Benítez - que não passaram de 20 ou 40. E todas elas estão nas mãos de pessoas conhecidas. Em todas, ademais, adivinha-se imediatamente que a gravura é falsa" [Benítez, 1975]. O método do médico para descobrir as pedras autênticas era tão simples quanto destrutivo: lançava a pedra ao ar e, se se quebrava em mil e um pedaços, é porque era autêntica. Como tinha chegado a essa conclusão, ninguém sabe.

Não importa que os 'textos' da 'biblioteca lítica' de Ica sejam inconsistentes e disparatados, que não se encontraram restos semelhantes em nenhum outro lugar do planeta, que os camponeses de Ocucaje fabriquem pedras gravadas em troca de dinheiro, que as análises científicas tenham trazido à luz as falsificações... Para os vendedores de mistérios, as pedras de Ica continuam sendo um dos seus enigmas favoritos; para os arqueólogos e paleontólogos, são "falsificações bastante evidentes" cuja interpretação errônea dá lugar a "autênticas barbaridades", como converter o homem em contemporâneo dos dinossauros, quando estamos separados por 60 milhões de anos.


O mistério de Acámbaro
Trinta anos antes de Cabrera, um comerciante alemão caiu nas garras dos espertos campesinos da cidade mexicana de Acámbaro. Waldemar Julsrud reuniu entre 1945 e 1952 mais de 30.000 misteriosas figuras de barro. Embora algumas correspondam a culturas pré-hispânicas, havia outras com fantásticos e grotescos animais: quadrúpedes com pescoço e cabeça de pássaro, bípedes com crânios de lagarto e crista dorsal, cobras com patas e chifres, e uma grande etcétera de seres impossíveis.

Não se sabe ao certo como as primeiras figuras chegaram às mãos do colecionador. Em um dos escassos relatórios escritos sobre o tema, Jiménez del Oso adverte que existem duas versões sobre a descoberta das peças de argila, ocorrida em 1945. De acordo com uma delas, Julsrud encontrou várias figuras que haviam ficado descobertas devido à chuva na colina do Touro; segundo a outra, ele as achou quando escavava nas proximidades de sua casa. Então - e aqui as versões diferentes concordam -, pediu para o pedreiro Odilón Tinajero e para outros vizinhos de Acámbaro que, em troca de um ou dois pesos por exemplar, lhes entregassem todas as peças arqueológicas que encontrassem. E o comerciante acabou com mais de 30.000 estatuetas de barro, "além de outros tipos de objetos, como pontas de flecha, figuras da cultura chupicuaro, máscaras, pedras de jade, cachimbos de barro e alguns outros restos fósseis" [Jiménez del Oso, 1993].

O arqueólogo Antônio Pompa suspeita que os camponeses enganaram a Julsrud, um ignorante em história pré-colombiana. Acredita que as primeiras figuras realmente eram autênticas, mas "as outras lhe fizeram os oleiros". Jiménez del Oso, no entanto, não é capaz de ver a diferença entre os grotescos seres saídos da imaginação dos camponeses e as obras da cultura local; mas que rigor se pode exigir de alguém que acredita que um quadrúpede com cabeça de pássaro e um ser de grandes patas que escorrega em sua pança "parecem tirados de um livro de paleontologia?" [Jiménez del Oso, 1993]. Quando se mete a historiador, o psiquiatra faz eco de todo o tipo de disparates, desde as teorias do proprietário das figuras até as de um suposto perito russo. Para Julsrud, os autores das imagens foram os atlantes; para o historiador russo, "cabe a possibilidade de que naquela parte da América os dinossauros do Mesozóico tenham sobrevivido até o ponto em que o homem tenha chegado a conhecê-los". Só há dois inconvenientes: nem a mítica Atlântida existiu, nem os primeiros homens americanos compartilharam há 13.000 anos seu espaço vital com dinossauros.

Embora seja evidente que em Acámbaro não há nada que possa transtornar os historiadores, Jiménez del Oso e seus seguidores se dedicaram a dar crédito a "figuras dos mais altos graus de aberração paleontológica, monstros de aparência quimérica, construções impossíveis, referências a visitas extraterrestres em nosso planeta e até aparentes relatos cósmicos" [Delgado, 1994]. Afetando ares de uma aparente seriedade, se apresentam como investigadores honestos, que não se explica quem modelou as figuras, por que e quando. O motivo do engano perpetrado pelos indígenas foi o mesmo que em Ica, o dinheiro que também anima os autores sem escrúpulos a dar crédito a todo o tipo de tolices.


O homem passeou com os dinossauros?
Tanto Benítez quanto Jiménez del Oso - os dois vendedores de fantasia mais representativos do mundinho pseudocientífico espanhol - apontam em seus 'trabalhos' a existência de vestígios paleontológicos que 'confirmam' que uma Raquel Welch pré-histórica, vestida com biquíni de pele, pôde despertar o apetite dos dinossauros há 65 milhões de anos. O psiquiatra dizia em 1989 ter encontrado restos humanos em estratos mesozóicos do deserto de Ocucaje. Embora ele mesmo advertisse que havia "passado muitos anos" desde sua época universitária para ser definitivo, não duvidava em anunciar com estardalhaço que, "homem ou pré-hominídeo, aquela criatura, situada nesse lugar e nesse tempo, é tão desestabilizadora para a paleontologia atual que obriga a escrever de novo a história do passado remoto do planeta" [Jiménez del Oso; 1989]. Tal alarde de 'imodéstia' nos força a perguntar como é que, anos depois, o barbudo especialista continua sem receber o prêmio Nobel ou passar aos livros de paleontologia. Será que não estamos diante de outra mentira economicamente rentável?

Erich von Däniken afirma que a teoria de Darwin "cegou gerações inteiras de paleontólogos e antropólogos" [Däniken, 1977]. O autor suíço coincide com Benítez em que existem marcas de pés humanos junto de rastros de dinossauros em estratos de mais de 70 milhões de anos de antiguidade. Deste modo, o novelista navarro qualificava em 1975 de "transcendental" a descoberta, na cidade soriana de Navalsaz, de uma pegada humana petrificada próxima a outras de 'lagartos terríveis', "outro testemunho da convivência entre o homem e os dinossauros" [Benítez, 1975]. A ciência, contudo, prestou pouca atenção a este tipo de asseverações. Os especialistas as consideram simples estupidezes, confessa Eustoquio Molina, paleontólogo da Universidade de Saragoça preocupado pelo auge da pseudociência [Molina, 1995].

O leito do rio Paluxy, no Texas (EUA), é ponto de referência obrigatório quando se fala de uma humanidade como a mostrada nos desenhos animados de Hanna e Barbera. Lá, "há centenas de pegadas de dinossauros de espécies diversas. Entre elas e junto delas, aparecem sempre numerosas pegadas de pés humanos de grande tamanho" [Däniken, 1977]. O autor de 'Lembranças do futuro' (1968) assegura que para encontrar a totalidade das impressões só era necessário ser guiado "pelo sentido da marcha do dinossauro, assim como a do homem perseguindo o mesmo". As pegadas humanas correspondem, de acordo com o astroarqueólogo (3), com as impressões de seres gigantescos e põem por terra a teoria da evolução. Däniken acrescenta, além disso, que existem vestígios semelhantes em Kentucky, onde no monte Vernon as impressões reproduzem "à perfeição alguns pés humanos", e em Utah, onde a sola de um sapato esmaga um trilobite em um estrato de 500 milhões de anos atrás.


Sandálias pré-cambrianas
As descobertas de Däniken são, entretanto, muito menos revolucionárias que as da 'ciência oficial.' William F. Tanner, geólogo da Universidade de Flórida, anunciou em um congresso de paleontologia em 1984 que se havia encontrado duas 'marcas de solas de tênis' em estratos pré-cambrianos, correspondendo a 2.700 milhões de anos, situados na baía de Hudson, no Canadá. O cientista, longe de proclamar ruidosamente o ocaso da teoria da evolução, deu-se ao trabalho de estudar as provas no terreno. Tratam-se de duas impressões paralelas de aparência humana, afastadas 20 centímetros uma da outra. Nos arredores, não existe qualquer outro rastro e as pontas dos sapatos, curiosamente, apontam em sentidos opostos. Ademais, as imagens são planas, estão muito claramente delimitadas e 'sobressaem' do solo, tal como outras circulares, ovais e de diferentes formas que Tanner havia encontrado em pedras do Permiano de Nevada e do Novo México. "Algumas são suficientemente grandes e têm a forma precisa para parecer solas de sapatos. Mas basta uma inspeção informal para ver que devem ter outra origem" [Tanner, 1984].

Estas silhuetas são de um material mais resistente que o circundante, o que explica a menor erosão, que se adentra na rocha até uma profundidade equivalente à de seu diâmetro superficial. "Uma explicação razoável - aponta Tanner - é que foram feitas por uma saída de água durante a compactação e sedimentação anteriores". O perito americano advoga por uma origem geológica para esses 'sapatos de tênis antediluvianos', assim não é nada estranho que possa ter se incrustado um trilobite em um deles. É claro que sempre cabe a possibilidade de que o homem daquele tempo estava descalço pela vida e é isso que Däniken sustenta no caso do leito do Paluxy, um terreno do cretáceo de 100 milhões de anos.

O astroarqueólogo entra no rio seco de Texas - "estive lá e tive a oportunidade de contemplar essa extraordinária descoberta paleontológica" [Däniken, 1977] - um homem atrás de um dinossauro; mas é mentira. Não há um rastro humano, mas algumas supostas pegadas que não o são nem correspondem a qualquer ordem, coisa que sim fazem as dos dinossauros. Tanner as chama 'silhuetas com forma de pé'. Têm entre 12 e 44 centímetros de tamanho e em alguns casos são conseqüência da erosão de um terreno composto de materiais de diversa dureza. No leito do Paluxy, há centenas de 'buracos' produto da erosão, mas esses 'buscadores de mistérios' só ficam com os que parecem um pé humano. Ainda assim, explica o geólogo, entre os selecionados, há 'impressões humanas' de todos os tamanhos e formas, mas não há dedos nem peitos do pé desenhados na rocha. As pegadas que não se devem a processos erosivos "foram produzidas por dinossauros carnívoros que deixaram uma grande impressão metatarsal" [Lockley, 1993]. O paleontólogo aficionado Glen Kuban demonstrou em 1989, quando era um estudante de biologia de fé criacionista (4), que alguns dos 'pés' do rio Paluxy são em realidade parte da planta de três dedos de um dinossauro. "Algumas pretensas 'impressões humanas' de Glen Rose - explica - não são distintas de impressões metatarsais de dinossauros, cujas impressões digitais desapareceram enchidas pela lama, por causa da erosão ou devido a outros fatores. Outras depressões alargadas de Glen Rose incluem figuras produto da erosão e possíveis marcas de caudas, algumas das quais também foram confundidas com impressões humanas" [Kuban, 1989].

A paleontologia e a arqueologia prestaram escassa atenção aos supostos vestígios e pegadas humanas de mais de 65 milhões de anos. Não em vão, os primeiros hominídeos apareceram na África oriental há aproximadamente 3 milhões de anos. Apesar disso, alguns cientistas se preocuparam em mergulhar no tempestuoso mar da charlatanaria para pôr as coisas em seu lugar. Lamentavelmente, também há quem predica a estupidez na própria universidade quando tenta sentar cátedra em assuntos que não são próprios de sua especialidade. Em 1981, o autor teve a oportunidade de conhecer um destes últimos. Quando estudava na Universidade de Deusto, um professor de História da Arte baseou um debate sobre as pedras de Ica apelando à sua amizade com Javier Cabrera. O 'educador', um jesuíta de idade avançada, fez poucos ouvidos aos argumentos contrários à existência do 'homem gliptolítico' e não se atreveu a censurar o médico peruano diante dos alunos, muitos dos quais se dedicam agora ao ensino e pode ser que acreditem que o homem conviveu com os dinossauros.

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As imagens e suas legendas foram inseridas pelo editor CA

Notas
(1) Em 1956, M.W. de Laubenfels propôs no 'Journal of Paleontology' a possibilidade de um impacto de meteoro como causa da extinção dos dinossauros. Como não há extraterrestres no meio, Benítez ignora o paleontólogo da Universidade de Oregon e faz grandes elogios ao charlatão peruano.

(2) No Peru e Equador, se chama 'huaquero' o indivíduo que escava nos cemitérios pré-colombianos para extrair o conteúdo das tumbas e vende-lo a turistas ou colecionadores.

(3) A astroarqueologia é a pseudociência que propugna a existência de visitas extraterrestres na antiguidade. As provas do encontro entre alienígenas e seres humanos se encontrariam disseminadas por todo o planeta em forma de livros sagrados, objetos enigmáticos e monumentos grandiosos. O mais famoso dos astroarqueólogos é Erich von Däniken.

(4) Os criacionistas consideram que a história do homem está escrita na 'Bíblia' e rejeitam a teoria da evolução. Durante mais de 40 anos, as impressões no leito do rio Paluxy promovidas por Glen Rose foram um dos argumentos favoritos dos fundamentalistas evangélicos americanos até que Glen Kuban, também criacionista, investigou o fenômeno sem deixar que suas crenças influenciassem seu trabalho científico.

Bibliografia
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Benítez, Juan José [1975]: 'Existió otra humanidad'. Editorial Plaza & Janés (Col. "Otros Mundos"). Barcelona. 250 páginas.

Benítez, Juan José [1994]: 'Mis enigmas favoritos'. Editorial Plaza & Janés (Col. "Los Jet", Nº 238-8). Barcelona. 311 páginas.

Däniken, Erich von [1977]: 'La respuesta de los dioses' ['Beweise']. Trad. de J.A. Bravo. Ediciones Martínez Roca (Col. "Fontana Fantástica"). Barcelona 1978. 411 páginas.

Delgado, Manuel José [1994]: "Acámbaro, otra espina de la arqueología". 'Más Allá' (Madrid), Monográfico Nº 10 (Septiembre), 122-125.

Jiménez del Oso, Fernando [1989a]: 'Ica'. Producciones Culturales (Col. "El Imperio del Sol", Nº 1). Vídeo escrito, dirigido, producido y presentado por Fernando Jiménez del Oso. Duración: 30 minutos.

Jiménez del Oso, Fernando [1989b]: "El hombre del Mesozoico". 'Más Allá' (Madrid), Nº 9 (Noviembre), 18-28.

Jiménez del Oso, Fernando [1993]: "El misterio de Acámbaro". 'Espacio y Tiempo' (Madrid), Nº 33 (Noviembre), 10-20.

Kuban, Glen Jay [1989]: "Elongate dinosaur tracks". En Gillette, David D.; y Lockley, Martin G. (Eds.): 'Dinosaur tracks and traces'. Cambridge University Press. Cambridge. XVIII + 454 páginas.

Lockley, Martin G. [1991]: 'Siguiendo las huellas de los dinosaurios' ['Tracking dinosaurs']. Trad. de Joaquín Moratalla. Prologado por José Luis Sanz. Editorial McGraw-Hill (Serie "Divulgación Científica"). Madrid 1993. XV + 342 páginas.

Molina, Eustoquio [1995]: 'Comunicación personal a Luis Alfonso Gámez'. Zaragoza. 23 de Enero.

Pereda, Xabier [1995]: 'Comunicación personal a Luis Alfonso Gámez'. París. 13 de Marzo.

Randi, James [1982]: 'Fraudes paranormales. Fenómenos ocultos, percepción extrasensorial y otros engaños' ['Flim-flam! Psychics, Esp, unicorns and other delusions']. Prologado por Isaac Asimov. Trad. de Alejandro G. Tiscornia. Tikal Ediciones (Col. "Eleusis"). Gerona 1994. XVI + 347.

Sierra, Javier [1994]: "Las piedras grabadas de Ica: un enigma a debate". 'Más Allá' (Madrid), Monográfico Nº 10 (Septiembre), 102-104.

Story, Ronald D. [1980]: 'Guardians of the Universe?' Book Club Associates. Londres. 207 páginas.

Tanner, William F. [1984]: "Human and not-so-human footprint images on the rocks". En Walker, Kenneth R. (Ed.): 'The evolution-creation controversy. Perspectives on religion, philosophy, science and education'. Sociedad Paleontológica ("Publicación Especial", Nº 1). Tennessee. 117-133.

Os Faraós usaram lâmpadas?

Os Faraós usaram lâmpadas elétricas durante a construção de suas tumbas? Há, segundo alegam alguns, evidência para tal.

Em primeiro lugar há algo faltando: Fuligem! Em nenhum dos aproximadamente 400 sistemas subterrâneos de túmulos podemos encontrar qualquer traço de fuligem, embora os túneis e câmaras tenham sido escavados com precisão na pedra e freqüentemente tenham sido pintados de forma bem artística. As lamparinas disponíveis aos egípcios - velas, tochas, lamparinas a óleo - deixariam fuligem de forma inevitável. Então como os egípcios iluminaram tudo?

Uma explicação possível vem de um artefato achado 100km a leste, onde hoje está o Iraque: Um pote com um estranho conteúdo. Um cilindro de cobre, selado com betume até a abertura, contendo um bastonete de ferro corroído bem no meio do cilindro. Desde o começo em 1936 o escavador estava certo: Este é um dispositivo galvânico, uma bateria. De fato, tentativas de reconstrução mostraram que é possível produzir eletricidade com ele.

O último pedaço de evidência entretanto é o desenho em relevo de um estranho objeto, que pode ser achado em uma caverna subterrânea abaixo do templo de Hathor em Dendera, Egito. Algumas imagens mostram dispositivos como bulbos, dentro dos quais dois pequenos braços se estendem antes do extremo largo e redondo. Estes braços são apoiados por uma coluna que se parece muito com um isolante de alta voltagem moderno. No extremo fino, entretanto, há algo como um cabo dentro do bulbo de vidro. Dele pode ser vista saindo e quase alcançando os braços na outra extremidade uma cobra, flutuando no ar. Todo o arranjo tem uma semelhança incrível com uma lâmpada elétrica.

Seria esta a prova? Os egípcios conheciam lâmpadas elétricas? Caso afirmativo, de onde eles aprenderam o princípio? Será que eles inventaram por si mesmos ou alguém lhes ensinou?


O mistério da fuligem ausente

As afirmações de que os sistemas de tumbas estão praticamente sem fuligem são de fato intrigantes. Mas não da forma assumida por muitos autores: O mistério é por que nenhuma fuligem é encontrada se todas tochas/chamas e lamparinas a estão emitindo.

Praticamente todos túmulos e pirâmides já haviam sido abertos em tempos antigos e na época de Heródoto (por volta de 470 A.C.) eram populares pontos turísticos por assim dizer. Inscrições dessa época são testemunhas dessa popularidade.

Posteriormente, desde o tempo dos árabes em torno do ano 1000 até o interior das pirâmides tornaram-se áreas turísticas. Assim, o tempo em que pesquisadores e ladrões de túmulos estiveram dentro das tumbas nos últimos 300 anos deve ser maior que o tempo ocupado pelos construtores originais. Pelo menos nesse período podemos ter certeza de que ninguém usou lâmpadas elétricas faraônicas, mas sim tochas, velas e lamparinas.

Então onde está a fuligem?

O que autores como Peter Krassa e Reinhard, que tornaram a tese de lâmpadas elétricas faraônicas conhecida ao grande público esquecem é que nós também iluminamos nossas casas, igrejas, escritórios e oficinas com velas e lamparinas em pleno século XX. E eu não me lembro de ver o castelo de Windsor, Versailles ou outras construções de esplendor tendo que ser repintadas a cada dois anos. Depois de séculos de iluminação as marcas de fuligem tornam-se reconhecíveis. Mas não durante os poucos meses ou anos que foram necessários para construir uma tumba egípcia.

Se você quiser se convencer isto, pode fabricar uma lamparina a óleo do tipo que até um homem das cavernas poderia ter usado sem muito esforço. Você só precisará de uma tigela rasa, como um cinzeiro por exemplo, um pavil com 5 a 10cm de fibra de planta natural e algum óleo comestível. Os egípcios usavam óleo de palmeira ou de oliva, e o último será suficientemente realístico para nosso experimento. É importante que o pavil não contenha fibras artificiais!!!

Agora encha a tigela com óleo, embebeda o pavil com um pouco de óleo e ponha-o na beirada da tigela, de forma a deixar aproximadamente 5-7 milímetros para fora da tigela. Acenda o pavil e observe. Se o pavil não for muito comprido, você não conseguirá descobrir nenhuma fuligem! Pegue uma superfície clara como um prato e a segure a uns 50 cm da lamparina. Você não verá nenhuma fuligem mesmo depois de horas. Apenas se você segurar o prato na parte superior da chama será possível produzir depósitos de fuligem. O mistério em torno da fuligem ausente não existe. Não é uma evidência ou prova válida de uma forma técnica de iluminação usada no Egito Antigo.


A bateria de Bagdá

A única indicação de eletricidade na Antigüidade até o momento é uma coleção de pequenos potes achados perto do que hoje é Bagdá. Os mais antigos foram achados em um assentamento Parthi, que era habitado na época do nascimento de Cristo. O local da descoberta - presume-se um vale que coincidentemente foi descoberto como sendo uma vila antiga em 1936 - sugere um assentamento ainda posterior. Os outros potes podem até ter sido jogados pelo século XIII. Disso tudo, qualquer uso de tais dispositivos no Egito Antigo parece muito improvável.

Desde o começo o escavador chefe Wilhelm Koenig era de opinião que esses potes haviam sido baterias usadas para galvanizar objetos. Alguns achados e manuscritos levaram à crença de que os Parthians conheciam um método de cobrir cobre ou prata com ouro usando cianeto de ouro - sem o uso de eletricidade. Com a reconstrução da suposta bateria a taxa de galvanização podia ser quadruplicada.


Bateria = energia?

Há certamente diferenças entre uma técnica de galvanização acelerada e a iluminação de uma lâmpada elétrica. No primeiro caso, pequenas amperagens e voltagens são suficientes para o trabalho, mas não no segundo. Mesmo uma pequena lampadinha precisa em torno de um Watt para fornecer uma tênue luz.

O desempenho de uma bateria é o produto da voltagem e amperagem (volt vezes ampére). A voltagem é dependente da distância dos assim chamados potenciais normais na tabela eletroquímica, um princípio conhecido há aproximadamente 200 anos.

A amperagem entretanto depende da superfície dos eletrodos usados. Uma bateria ideal possui dois eletrodos com superfícies tão grandes quanto possível, com materiais separados tão longe quanto possível na escala eletroquímica. Por exemplo, baterias de discos como a famosa pilha de Volta, que consistia de placas de cobre e zinco. Ou nossas baterias de zinco e carvão, nas quais o eletrodos central é de carvão ativado com uma superfície ativa tão grande quanto um campo de futebol americano. As 'baterias' achadas em Bagdá entretanto são muito pobres em comparação. Algumas continham apenas metais iguais (bastonetes de cobre em cilindros de cobre) e assim não poderiam produzir nenhuma voltagem. E aquelas poucas que contêm o par de metais cobre/ferro que estão separados apenas 0,5 volts na escala eletroquímica, têm bastonetes únicos de ferro com uma superfície mínima como contra-eletrodos.


Baterias = luz?

Eu fiz uma reconstrução de uma bateria do tipo Bagdá. Ela produziu em torno de 0,4~0,5 volts com contatos abertos, e teve uma amperagem em curto circuito de 50mA. O desempenho elétrico é portanto de 25 miliWatts sem dispositivos conectados (o que torna-se 1/10 com apenas uma lâmpada ligada).

Isso significa portanto que para a operação de apenas uma lâmpada de 1 watt seria necessária a quantidade ridícula de quarenta baterias! Já que cada bateria pesa aproximadamente 2 quilogramas, a lâmpada egípcia sem caixa e fiação pesaria em torno de 80Kg!

Ah, depois de aproximadamente 8 horas de fornecimento de energia o interior da bateria decompõe-se em uma lama verde e venenosa que precisa ser jogada fora. Para a iluminação de locais de construção com baterias isso significa:

Uma lâmpada de 1 Watt requer 40 baterias por dia útil.
Um trabalhador precisa de uma lâmpada
10 trabalhadores escavavam cada local
cada escavação levava dois anos (de cálculos muuuuito bem estimados)
-> cada sistema precisa de 292.000 baterias!
Peso total: 584 toneladas!
Há 400 grandes locais subterrâneos no Egito
-> 116 milhões de baterias seriam necessárias
--> Em um total de 233.600 toneladas!

Todas essas baterias teriam que estar em algum lugar como ferro velho ou lixo. O número de baterias achadas no Egito, entretanto, é ZERO!

Há outro item menor sempre 'esquecido' pelos proponentes de baterias antigas: O ferro. Ferro era um metal raro e precioso no Egito, porque não há minas de ferro por lá. As mais próximas minas de ferro estão na atual Turquia, que na época dos egípcios estava em firme possessão dos Hititas, que tinham um monopólio em produzir itens de ferro desde 1600 AC. Mas cada 'bateria' precisava de um bastonete central de ferro como eletrodo principal. Assim é simplesmente impossível que um metal usado pela primeira vez em 1600 AC tenha desempenhado um papel central em iluminar pirâmides construídas mais de 1000 anos antes! Cada bateria continha ao redor de 150 gramas de ferro, assim para que todas 400 grandes tumbas em torno de 17.400 toneladas deste metal mais precioso que ouro eram necessárias!

Destes números podemos concluir facilmente que a operação de lâmpadas elétricas com as assim chamadas baterias de Bagdá era simplesmente impossível. Mas nenhuma outra fonte antiga de energia é conhecida, assim qualquer lâmpada encara o problema da ausência de uma fonte de força.

No programa de televisão "Aliens - eles retornam?" de Erich Von Daniken, ele tentou fazer uma conexão entre as baterias de Bagdá e as lâmpadas de sua forma típica. Ele tentou sugerir que uma lâmpada de descarga de gás poderia ser alimentada por tal bateria. Assim ele conecta um multímetro digital à bateria - um ruído alto sugere uma alta voltagem. Então nós podemos ler uma voltagem não definida de "0293" no medidor; depois ele apresenta uma 'reconstrução' de uma lâmpada de gás do tipo Dendera também conectada a um medidor, e dá a impressão de que ambas as voltagens são iguais!


Outras fontes de energia

"Se os egípcios já conheciam baterias, então geradores diferentes provavelmente também teriam sido conhecidos" é uma forma alegre, mas absurda ou errada de provar uma teoria.

Quando Volta experimentou com suas baterias (aliás, 10.000 vezes mais eficientes), ele vivia em um era de pesquisa e progresso. Cada detalhe, cada aperfeiçoamento era publicado e centenas de cientistas ao redor do globo estavam ocupados com o estudo da natureza e trocavam seus resultados em inumeráveis publicações. Mesmo assim demorou quase 200 anos até que a indução fosse descoberta, e dela no final o gerador foi desenvolvido. Isto requeriu uma inumerável quantidade de pequenos passos, e cada um deles pode ser reconstruído de diversas publicações.

Para a região Pártica, Babilônica ou Egípcia não há entretanto evidência conhecida de um estudo sistemático de física ou química, o que é um pré-requisito mandatório para o desenvolvimento de tal técnica. Mas sem esse conhecimento nenhum gênio amador poderia "por coincidência" inventar algo como um gerador. Esta conclusão é portanto tão razoável quanto dizer "Eles tinham rodas, portanto conheciam o motor a combustão interna".

Enquanto nenhuma descoberta a respeito do desenvolvimento de tal tecnologia seja feita, nós devemos excluí-la. Até Krassa/Habeck declaram o pilar Djed, para nossa surpresa depois de defini-lo na primeira metade de seu livro como um "isolador elétrico", como um gerador que produz eletricidade com "ar quente e poeira"...


Inquestionavelmente lâmpadas?

Os relevos de Dendera mostram, como se pode ver na foto, um bulbo em forma de pêra com aproximadamente 2,5m, que parece ter um diâmetro máximo de 1 metro e algo em torno de 50 cm de diâmetro no extremo fino. Que tal objeto poderia funcionar como uma lâmpada fluorescente foi mostrado pelo engenheiro W. Garn, que projetou uma lâmpada que parece-se com esta representação. Os pequenos braços, estendendo-se adentro do bulbo de vidro, emitem um brilho tênue quando alta voltagem é aplicada. Assim este objeto é uma lâmpada, e representa uma lâmpada tão 'obviamente' que outra interpretação do objeto representado é simplesmente impossível. Porque, como alguém declarou: "Enquanto nenhuma outra interpretação convincente possa ser mostrada pela ciência acadêmica não há razão para ver algo além de uma lâmpada no desenho".


Estranhamente, nas fotos acima você pode ver algumas lâmpadas atuais e antigas. Lâmpadas halógenas, lâmpadas spots, tubos fluorescentes - e nenhum deles tem qualquer semelhança com a construção de Dendera. Até a lâmpada de sódio de alta pressão à direita, embora um pouco similar à primeira vista, é completamente diferente em tamanho, estrutura e modo de operação de sua contraparte Dendera. Particularmente eu sinto falta dos tão importantes braços adentrando as lâmpadas. Assim, se você conhece alguma lâmpada em uso atualmente ou no passado que seja igual à de Dendera, por favor, mande-me uma foto. Até então eu não vejo razão para interpretar as inscrições de Dendera como lâmpadas.


Discrepâncias técnicas

Dos desenhos podemos reconstruir o tamanho dos objetos representados. Com comprimento de 2,5 metros, um diâmetro máximo de um metro e mínimo de 50 centímetros nós podemos calcular o volume aproximado de um cone truncado de aproximadamente 2 m de comprimento e uma semi-esfera de um metro de diâmetro. O volume combinado é em torno de 1,12 m3, a superfície do objeto chega a aproximadamente 6,3 m2.

O volume representa, como veremos, um ponto substancial contra a interpretação técnica dos relevos de Dendera.

Todas construções de lâmpadas baseiam-se em poucos princípios técnicos.
Lâmpadas de estado sólido são baseadas em junções de semicondutores e têm, como por exemplo os LEDs, volumes mínimos.

Lâmpadas de descarga de gás como lâmpadas fluorescentes ou de néon/fósforo precisam de altos vácuos preenchidos com gases nobres (néon) ou vapores de metal (mercúrio). Lâmpadas de filamento normalmente contêm um alto vácuo, de forma a prevenir a queima do filamento, ou estão cheias de um caro gás nobre.
Lâmpadas halógenas são preenchidas de gases quimicamente reativos, que se opõem ativamente à evaporação do material do filamento.
Lâmpadas de alta pressão contêm gases reativos a alta pressão e têm a melhor eficiência luminosa.

Todas essas lâmpadas, com exceção do LED, contêm assim seja um gás em densidade desprezível ou gases diferentes, caros.

No primeiro caso uma pressão de 63 toneladas residiria no objeto de Dendera. Para suportar tal pressão imensa, o objeto teria de possuir uma espessa parede, com aproximadamente dois ou três centímetros. O peso deste bulbo seria então de aproximadamente 750 quilos. E este monstro seria ainda assim uma bomba esperando para explodir: uma pequena fissura no vidro causada por resfriamento desigual durante a fabricação, e a lâmpada Dendera implodiria com a força de uma bomba. O efeito de fragmentação deveria ser mortífero na periferia de vários metros!
Pessoalmente eu também não conheço nenhum bulbo de vácuo feito de vidro com formato e tamanho similares construído atualmente, e isto deve ter suas razões...

No segundo caso a lâmpada de Dendera teria que conter gás suficiente para preencher pelo menos 713.000 (!!!) lâmpadas halógenas com um desempenho combinado de 14 milhões de Watts!!! Qualquer um pode adivinhar o que brilha mais: uma lâmpada monstro Dendera ou 713.000 lâmpadas halógenas.

Em ambos casos a construção de Dendera é caracterizada primariamente por sua inutilidade. Um bulbo simples ou uma lâmpada halógena de 500W precisa de menos recursos, é mais simples e mais segura contra defeitos de fabricação que tal monstro.


Contra-argumento: A escala está errada

"Os egípcios desenharam pessoas e artigos importantes maiores que os menos importantes - portanto os bulbos de Dendera são exagerados em seu tamanho" é um contra-argumento a essas críticas.

Entretanto isto não é aplicável. É correto que os egípcios usaram várias escalas diferentes em um mesmo desenho. Porém a mudança não é arbitrária: ela se refere, se objetos genuínos são representados figurativamente, em todo caso a grupos. O Faraó que se senta ao lado de sua família no trono é desenhado em uma escala maior que a do grupo dos servos que entregam seus tributos. Mas dentro da família faraônica, exatamente como no grupo de pagadores de tributo, uma escala constante sempre é usada. Nenhum faraó se senta em um trono em miniatura, e nenhum fazendeiro monta um búfalo gigante através do campo. Se as figuras de Dendera representam objetos reais (e não são simbólicas), elas teriam que ter inevitavelmente exatamente a mesma escala das pessoas presentes.

As coisas são diferentes com representações não-figurativas. Freqüentemente as figuras são misturadas com símbolos com certos significados, por exemplo nomes, de forma que as duas formas possam ser separadas apenas com algum esforço pelo leigo. Na paleta de Narmer, o Faraó está atrás do desenho de um enorme peixe-gato e um igualmente enorme formão. Mas o peixe-gato não representa um peixe aqui, e sim uma sílaba (Nar), exatamente como o formão faz (Mer). Ambas sílabas formam o nome do governante (Nar-Mer) e são mostradas com quase o mesmo tamanho que o Faraó que representam.

Para entender estas coisas um certo conhecimento sobre a estrutura e o simbolismo dos relevos egípcios ajudaria, embora trazer tal conhecimento "acadêmico" seja freqüentemente considerado desprezível. Provavelmente porque pode destruir especulações tão interessantes...


Contradições

Se você der uma boa olhada nos relevos de Dender, encontrará rapidamente uma engraçada contradição.

A "reconstrução" da lâmpada de Dendera pelo engenheiro W. Garn já foi mencionada. Este é o único tipo de lâmpada funcional parecido com os objetos de Dendera, mesmo que em uma escala menor (assim ele pode ignorar os problemas de pressão de uma "lâmpada" Dendera em escala real). O bulbo é uma lâmpada fluorescente a baixa pressão, e a luz é produzida por uma descarga de gás no eletrodo. Garn vê um eletrodo no objeto parecido com uma flor no extremo menor do bulbo, e o outro eletrodo que emite luz é representado pelos pequenos braços estendendo-se do 'pilar isolante' ao interior do bulbo. Com altas voltagens e baixa pressão efeitos luminosos podem realmente ser vistos em torno dos dois braços. Mas e quanto à serpente? Deve ter sido um símbolo para "brilho" e uma representação do filamento de luz - mas a lâmpada de Garn não produz tal efeito.

E agora? Bem, é fácil. Se não há nenhuma serpente brilhante para ser vista, a serpente subitamente transforma-se em um símbolo para a corrente elétrica, um símbolo para algo que não pode ser visto. Então quando os egiptologistas declaram que a serpente é um símbolo para o Sol nascente, isso é ridículo. Mas quando os pré-astronautas declaram que a mesma serpente é um símbolo para outra coisa, é permitido?

A lâmpada de Garn é muito fraca, e que algo está brilhando só pode ser visto em salas muito escuras. Não é uma grande lâmpada, mas mesmo assim a construção funciona.

MAS: Você pode encontrar em Dendera vários tipos diferentes de bulbos. Um com os braços adentrando o bulbo. Outro, onde o próprio bulbo apóia-se nos braços e não há contra-eletrodo! E um terceiro, onde todo o objeto não está nem perto de um pilar Djed, que é um símbolo tão eminentemente importante para corrente elétrica. Estas duas outras construções nunca poderiam ter sido uma lâmpada!!!


Mal observadas?

"Os egípcios viram as lâmpadas apenas por um curto período e não podiam se lembrar se os braços estavam dentro ou fora da lâmpada. Assim eles inscreveram três diferentes versões para que pelo menos uma mostrasse o que eles realmente viram." Má tentativa.

Já que os braços são a única coisa emitindo luz na "re"construção de Garn, qualquer um que visse tais objetos se lembraria de que os braços eram importantes coisas brilhantes na lâmpada. Mais: esta suposição tira a lâmpada dos inventores egípcios e cria apenas mais outra história mal contada de culto cargo.

A propósito: O contexto cultural relativo aos objetos de Dendera pode explicar todos os três tipos de objetos, e não apenas um. Outra coisa: em literatura arqueoufológica é fácil encontrar o termo "reconstrução". Mas, como eu descobri, elas raramente mercem tal nome. Estas "re"construções são geralmente apenas construções feitas de forma que os detalhes externos combinem com elementos mostrados ou descritos em fontes antigas. Esse é o caso de uma lâmpada parecendo com o objeto de Dendera. Possível - mas inútil. Há uma razão pela qual nós iluminamos nossos quartos com lâmpadas comuns e não com gigantes Dendera de 2,5m...

***

Nota: Esta é uma tradução da primeira parte das páginas de Frank Doernenburg a respeito dos relevos de Dendera, abordando os problemas técnicos de interpretar os desenhos como lâmpadas elétricas. A segunda parte, que pode ser encontrada em inglês no website 'Mysteries of the Past', trata de uma interpretação cultural em contexto do que os desenhos realmente simbolizam, incluindo uma tradução das inscrições que acompanham tais desenhos.

França libera documentos oficiais sobre ovnis!!!

23/03/2007 10:35
A França se converteu nesta quinta-feira no primeiro país do mundo a tornar públicos seus arquivos oficiais sobre Objetos Voadores Não-Identificados (OVNIS), em um exercício inédito de transparência destinado a aplacar as críticas de fervorosos defensores da existência de vida extraterrestre.
Agência francesa não tem explicação para um em cada três casos.

"É uma novidade mundial", enfatizou Jacques Patenet, do Grupo de Estudo e Informações sobre os Fenômenos Aeroespaciais Não-Identificados (Geipan) do Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES).

Até agora, nos Estados Unidos era possível pedir informações caso por caso, mas a França decidiu colocar à disposição do público todas as informações a respeito, segundo o cientista.

Por ora, é possível consultar na internet 400 casos, ou seja, 25% dos 1.600 observados na França desde os anos 50, mas todos os dados serão incorporados progressivamente.

A maioria dos documentos são processos verbais da polícia realizados graças a testemunhas, cujos depoimentos são geralmente imprecisos e contraditórios.

"Os ufólogos não encontrarão nestes dados nenhum caso desconhecido", advertiu Patenet.

Ele enfatizou que o papel da instituição que dirige é limitar-se aos dados "puramente científicos" e fornecer "informação".

"Não temos nenhuma prova de que haja extraterrestres por trás destas manifestações inexplicáveis. Mas também não temos provas do contrário", admitiu.

Todos os anos o CNES francês registra entre 50 e 100 casos de objetos voadores não-identificados. Dez por cento deles merece uma investigação, mas apenas "algumas dezenas nos últimos 30 anos mereceram o nome de OVNI", segundo Patenet.
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Pois é, agora o assunto ovni e tudo relacionado a ele, se torna definitivamente oficial, objeto de estudo da Ciência!
O Área 51 espera com isso que os governos de todos os outros países sigam o exemplo dado pela França, e também disponibilizem ao público o que mantiveram escondido durante décadas.





sábado, 17 de março de 2007

Como os Maias contavam o Tempo

Como os Maias contavam o Tempo



Para complementar a pesquisa da Andreza sobre a Civilização Maia e sua forma de calcular e viver o tempo, fiz a tradução de um texto muito legal que mostra que os Maias já sabiam que sua civilização seria destruída, tinham conhecimento profundo da sincronização do tempo e foram pioneiros na descoberta da matemática fractal! Termo que só veio a ser cunhado em 1975 por Benoit Mandelbrot, embora tenha seus primórdios no século 17.

Tradução:
As propriedades radiais-fractais da frequência universal 13:20 de sincronização tem aplicações universais uniformes.

O Tzolkin, a sagrada contagem repetitiva de 260 dias(kins), é a base da contagem longa dos Mayas do grande ciclo da história. A contagem longa, é claro, parece ser um fênomeno puramente cronológico, marcando a contagem dos dias entre 13 de Agosto de 3113 AC e 21 de Dezembro de 2012 DC. A contagem dos dias, é também representada por uma matriz mestra quadri-dimensional de 13:20. Os 1.872.000 kins(dias) de duração da contagem longa consistem de 13 sub-ciclos principais chamados baktuns, cada sub-ciclo consiste de 144.000 dias ou kins. Cada um desses sub-ciclos é novamente dividido em 20 sub-ciclos menores chamados katuns, cada um deles consiste de 7200 dias ou kins. E isto também significa que há 7200 ciclos de 260 dias cada em um grupo de 13 baktuns.
Os 13 baktuns e os 20 katuns representam um fractal perfeito da matriz quadri-dimensional de 260 unidades distribuida como uma cronotopologia chamada história. Onde cada katun representa um dos 260 kins. Os baktuns representam um grupo de ondas (campos morfogenéticos), cada um com vinte ondas menores ascendendo em aclive até o pico durante o décimo terceiro e último baktun, 1618-2012 DC

Enquanto que a contagem longa Maya já era conhecida, foi somente em 1987, que o grande ciclo, como também é conhecido, foi entendido na sua forma fractal modular como a onda harmônica da história. Em sua explícita construção, o grande ciclo é um genuíno mapa do tempo, uma cronotopologia que define a história com tendo um início bem preciso e específico e igualmente um final preciso. Sempre foi dito que se a Civilização Maya teve seu grande período somente no décimo baktun, contagem longa 9.0.0.0.0 - 10.0.0.0.0 (435-830 DC), qual era o seu propósito em criar uma contagem da história que se originou mais de 3000 anos antes, e mais arrepiante ainda porque seu calendário termina em 2012?

O início da contagem dos 13 baktuns, em 13 de Agosto de 3113 AC, (4 Ahau, 13.0.0.0.0), é o máximo de precisão e exatidão que uma pessoa pode calcular como sendo o começo da história: A primeira dinastia egípcia é datada de cerca de 3100 AC; A primeira "cidade", Uruk, na Mesopotamia, também é de cerca de 3100 AC; O Kali Yuga Hindu, data de 3102 AC, e o mais interessante, a divisão do tempo em 24 horas de 60 minutos cada e cada minuto com 60 segundos é também de cerca de 3100 AC na Suméria. Se o começo da história foi tão precisamente definido, então não o seria, o fim da história também em 21 de Dezembro de 2012? É claro, que é por isso que até o calendário de David Ewing Duncan conclui sua linha do tempo com o fim do grande ciclo Maya em 2012. Como os Mayas sabiam disso tudo e isso significa que a história está para acabar?

Se alguém concorda ou não com a interpretação de a civilização Maya ser profundamente agressiva e baseada somente no "sangue dos reis", esse alguém não pode ignorar o fato de que sua ciência do tempo foi superior em todos os aspectos do que a que conhecemos hoje. E isso é muito pertinente. A lei do tempo foi embutida no saber Maya e sua superioridade de conhecimento existe graças à sua total familiaridade com a ordem sincrônica do tempo. Isto significa que eles poderiam saber e fazer coisas de jeitos que o moderno espaço tri-dimensional hoje consideraria sobrenatural.

Resumindo, entre seus anciãos, sábios e profetas era sabido que o que chamamos história, a duração dos 13 baktuns, é o tempo de provação na terra. Os 13 baktuns é o tempo dado para que o ser humano siga seu curso de tentativa e erro, culminando no erro do tempo, a criação da civilização gregoriana 12:60(12 horas/60 minutos) que captura e domina inteiramente o décimo terceiro baktun. O que é conhecido como Kali Yuga pelos Hindus não é diferente do que este ciclo da história, o qual no final deve retornar à uma nova era dourada. Nas mais conhecidas teologias dos mundos Cristão e Islâmico, o katun final marca o final dos tempos, o dia do Juízo Final na Terra.

Os Mayas sabiam disso tudo. Eles sabiam que sua civilização seria destruída. Eles sabiam que mesmo os guardiães do tempo que seguiam a contagem longa não poderiam fazer mais do que aquilo. Dessa forma a profecia em si mesma foi consagrada, a profecia da lei do tempo. Pois somente deste jeito, no fim do ciclo haveria um critério que seria capaz de distinguir o falso - a frequência de sincronização artificial 12:60 - do verdadeiro - a frequência de sincronização 13:20. Essa foi a missão do maior profeta e rei Maya, Pacal Votan, que construiu e codificou sua tumba com a maior de todas as profecias Mayas, a profecia do tempo em si. Codificada com a lei do tempo e o com o Telektonon (Profecia de Pacal Votan) reside uma real e nova alocação do tempo, a revelação da ordem sincrônica da ciência do tempo.

Fonte:
Clique aqui para conhecer a contagem longa de 13 Baktuns

OPERAÇÃO PRATO

UFOs Rondam a Amazônia
Militares brasileiros empreenderam operações
oficiais de pesquisas ufológicas na floresta


Equipe UFO

Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima. Este é o nome do primeiro oficial de nossas Forças Armadas a vir a público falar sobre impressionantes atividades de pesquisas ufológicas desenvolvidas secretamente no Brasil. Conhecido por todos como Hollanda, o coronel reformado da Aeronáutica, ainda quando era capitão, comandou a famosa e polêmica Operação Prato, realizada na Amazônia entre setembro e dezembro de 1977. Por determinação do comandante do 1º Comando Aéreo Regional (COMAR), de Belém (PA), Hollanda estruturou, organizou e colheu os espantosos resultados desse que foi o único projeto do gênero de que se tem notícia em nosso país – e provavelmente um dos poucos no mundo. Logo após conceder esta entrevista à Revista Ufo, antes mesmo de vê-la publicada, o militar se suicidou. Sua morte causou grande polêmica, tanto quanto suas extraordinárias revelações. Foram elas, em grande parte, que motivaram a Comissão Brasileira de Ufólogos (CBU) a iniciar a campanhae UFOs: Librdade de Informação Já, que chega agora ao seu quarto mês.

Nada mais justo que publicar, nesta edição, uma versão reeditada da histórica entrevista de Hollanda à Ufo, feita em 1997 e veiculada nos números 54 e 55, que circularam nos meses de outubro e novembro daquele ano. Seu conteúdo é chocante e mostra duas coisas com excepcional clareza: primeiro, a que ponto a Força Aérea Brasileira (FAB) chegou em sua determinação de conhecer o Fenômeno UFO, através de uma equipe de militares. Segundo, a coragem do chefe de tal equipe em empreender uma operação inédita e arriscada, mas que foi coroada de êxitos – que, infelizmente, são do conhecimento de pouquíssimos brasileiros. Hollanda era um militar ímpar, homem de fibra e resolução, que talvez tenha sido o único do mundo a passar pelas experiências que viveu na Floresta Amazônica – justamente no comando de um programa oficial, e não de uma aventura qualquer.

Homem extremamente objetivo, impressionantemente culto e com vívida memória de inúmeros episódios de sua carreira militar – especialmente em relação à Ufologia –, Hollanda recebeu a Revista Ufo em seu apartamento em Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro, para uma longa e proveitosa entrevista, em junho de 1997. Das 48 horas em que o editor A. J. Gevaerd e o co-editor Marco Antonio Petit passaram em sua residência, colheram uma valiosíssima quantidade de informações ufológicas inéditas e assustadoras. Sua atitude de quebrar um silêncio militar de 20 anos sobre o assunto não se deu por acaso.

Revelação e repreensão

Hollanda confessou que acompanhava discreta mas entusiasmadamente as atividades da Ufologia Brasileira desde o surgimento de Ufo, em 1985. Já naquela época, oito anos após a realização da Operação Prato, e ainda com memória fresca sobre os inúmeros casos ufológicos que viveu, a então revista Ufologia Nacional & Internacional, antecessora de Ufo, recebeu de uma fonte confidencial ligada à Aeronáutica uma série de fotos de naves alienígenas que teriam sido tiradas pela FAB, na Amazônia. Pouco ou nada, além disso, sabíamos sobre esse material, mas mesmo assim o publicamos.

Sabíamos na época – e Hollanda depois nos confirmou – que eram fotografias secretas, obtidas oficialmente pelos militares que compunham a Operação Prato. Esse material tinha que ser publicado a todo custo, para que a Comunidade Ufológica Brasileira soubesse de sua existência, mesmo que isso pudesse trazer problemas legais para a revista. E trouxe: tal atitude resultou em repreensão do editor da revista por um certo comando militar. De qualquer forma, as fotos e um texto sobre o pouco que sabíamos na época a respeito da operação foram publicados. Evidentemente, os oficiais que integraram a operação não apreciaram tal fato, em especial o comandante do 1º COMAR, que havia determinado a criação do projeto e estabelecido que o mesmo fosse mantido em segredo. Mas nenhum militar foi punido em razão da publicação daquele material em Ufologia Nacional & Internacional, pois nunca se soube quem era nossa fonte de informação. Não era Hollanda, ao contrário do que muitos pensaram.

Apesar das dificuldades inerentes a uma revelação como aquela, nos primórdios de nossa trajetória, nossos leitores tomaram conhecimento de que uma missão de investigação oficial de objetos voadores não identificados, conduzida pela FAB, foi realizada na Amazônia em sigilo, resultando em experiências diversas vividas pelos militares envolvidos e na confirmação não só da realidade do fenômeno em si, mas também de sua origem extraterrestre. Nem o próprio Hollanda, que não conhecíamos na época, chegou a se irritar com a publicação do material, pois julgou importante que todos soubessem dos fatos, como admitiu anos depois, na entrevista que daria à Revista Ufo, em 1997. “A publicação fez seu papel, doa a quem doer. Tem gente que não gostou, é claro. Mas, assim como eu, vários outros militares acharam que a medida foi acertada”, disse Hollanda ao editor Gevaerd.

Alguns meses depois, já baixada a poeira, Hollanda, ainda com patente de capitão, passou a acompanhar as edições da revista, discretamente, constatando de longe a seriedade do trabalho desenvolvido pela Equipe Ufo. Nosso interesse por informações mais detalhadas sobre a Operação Prato nos levou a contatá-lo em Belém, em 1988, em seu posto no 1º COMAR. O capitão nos recebeu com formalidade, mas amigável. Evidentemente, não pôde nos dar os dados que buscávamos, mas notou nossa insistência em ver o assunto disseminado através da publicação. Por isso, tentamos ainda um novo contato no início dos anos 90, já no Rio de Janeiro, quando o oficial estava em vias de se aposentar. Nessa ocasião, num encontro casual, trocamos algumas idéias sobre o Fenômeno UFO, mas nada mais consistente. Ainda não seria dessa vez que teríamos conhecimento dos detalhes das descobertas da FAB na Amazônia.

A hora certa chegaria em junho de 1997, por iniciativa do próprio Hollanda, motivado por uma reportagem que assistira no programa Fantástico. Numa matéria específica sobre o sigilo imposto aos discos voadores pelos governos – especialmente no Brasil –, o editor de Ufo declarou fatos sobre a Operação Prato e mostrou alguns poucos documentos que a equipe tinha na época. Na segunda-feira imediatamente após o programa ter ido ao ar, Hollanda, já na reserva, viu que era hora de quebrar o silêncio.

Missão cumprida

Aposentado desde 1992, ele nos telefonou para elogiar a atuação da revista e para retomar o contato e colocar-se à nossa disposição. Disse que já havia passado bastante tempo desde a operação, e que julgava ter chegado a hora de romper o silêncio. “Estou na reserva, cumpri minha missão para com a Aeronáutica. O que eles podem me fazer? Prender? Duvido!”, disse, quando questionamos sobre a possibilidade dele sofrer punições de seus superiores quanto à atitude de nos revelar os fatos.

A decisão de Hollanda era corajosa e absolutamente sem precedentes na Ufologia Brasileira. Nunca, em momento algum, um militar tinha tomado tal resolução. Assim, com seu consentimento, colocamos o repórter e editor do Fantástico Luiz Petry e a jornalista Bia Cardoso, da Manchete, em contato com ele. Esses profissionais foram os primeiros a chegar em Cabo Frio e entrevistar Hollanda. Com isso, cumpríamos nossa obrigação de informar à imprensa fatos significativos dentro do mundo ufológico. Tínhamos consciência de que, por mais que pudéssemos – e fôssemos tentados – a guardar para a Revista Ufo a exclusividade de tais informações, numa espécie de “furo” mundial de reportagem, não tínhamos esse direito. Ufo tinha, sim, a obrigação de dar todos os detalhes, todas as minúcias ao seus leitores. Mas a imprensa precisava levar tais fatos, ainda que de maneira bem mais reduzida, à toda população. Seguindo esse mesmo princípio, a publicação consentiu que a entrevista que fez com Hollanda fosse inúmeras vezes reproduzida em revistas e sites da internet, em todo o mundo.

Mais do que um entrevistado, Hollanda transformou-se num querido amigo de vários integrantes da Equipe Ufo e aceitou, sem vacilar, o convite que formulamos para vir a ser um dos consultores da publicação, o que não chegou a se efetivar em razão de seu suicídio. Experiência não lhe faltava, pois, em seus quatro meses de Operação Prato, além de muitos outros passados na selva em missões onde o Fenômeno UFO estava presente, teve a oportunidade não apenas de conhecer detalhes íntimos sobre o assunto, mas de viver pessoalmente dezenas de espetaculares experiências com objetos enormes e à curta distância.

Naves de 30 andares

Hollanda se recorda dos detalhes de ocorrências assustadoras passadas na selva, onde avistou diversos UFOs, desde “objetos cilíndricos do tamanho de prédios de 30 andares, que se aproximavam a não mais do que 100 m de onde estava”, disse, até as enigmáticas e onipresentes sondas ufológicas. Na época em que o entrevistamos, Hollanda estava casado pela segunda vez e vivendo uma vida pacata de aposentado em Cabo Frio, após 36 anos de atividade militar – nos quais desenvolveu funções que vão desde chefe do Serviço de Intendência do 1º COMAR a comandante do Serviço de Operações de Informação (A2) e coordenador de Operações Especiais de Selva.

Hollanda era um homem realizado – poucos tiveram a vida que ele teve. E era bastante franco também. “Gevaerd, a Operação Prato tinha o objetivo de desmistificar aqueles fenômenos na Amazônia. Eu mesmo era cético a respeito disso”, disse, logo no princípio da entrevista, informando que ele fora designado por conhecer como nenhum outro militar a região afetada. “Mas depois de algumas semanas de trabalho na área, quando os UFOs começaram a aparecer de todos os lados, enormes ou pequenos, perto ou longe, não tive mais dúvidas”, desabafou, admitindo que se convenceu da realidade dos fatos na Amazônia.

É esse incrível personagem, agora eterna referência na Ufologia, quem deu a maior contribuição que essa disciplina receberia em nosso país, em mais de cinco décadas de atividades. Porém, a Comunidade Ufológica Brasileira mal chegou a conhecer o homem a quem passou a dever tanto desde junho de 1997, quando ele resolveu romper o sigilo. Quatro meses depois, em 02 de outubro, o coronel Uyrangê Hollanda cometeu suicídio. Tinha feito outras três tentativas anteriores, pois era vítima de depressão – sendo que, da última, adquiriu um problema na perna que o levara a andar mancando. O coronel deixou filhos de seus dois casamentos, em Belém e no Rio de Janeiro.

Hollanda foi-se esse mundo sem saber que enorme benefício o causara. Talvez, se a primeira parte de sua entrevista tivesse sido publicada um pouco antes, ele se sentiria menos deprimido ao ver o respeito com que seus depoimentos e sua coragem foram tratados na Revista Ufo.
Infelizmente, por problemas inerentes a uma publicação de circulação nacional, a entrevista com Hollanda só pôde ser divulgada na edição 54, de outubro de 1997, indo às bancas no dia 12 daquele mês – precisamente 10 dias após seu falecimento. Já não havia mais tempo de parar as máquinas gráficas para incluir, na edição, a triste nota. Ela teve que ser publicada junto da segunda parte do material, na edição 55, de novembro. “Carrego comigo até hoje a impressão de que, se tivesse conseguido publicar a entrevista pelo menos uma edição antes, em Ufo 53, Hollanda, ao ver o que escrevi a seu respeito e a contribuição que estava dando à Ufologia Brasileira, não teria tirado sua vida”, declara o editor Gevaerd. Lamentavelmente, a história não pode ser mudada.

Uyrangê Bolívar Soares de Hollanda Lima, capitão da Aeronáutica que liderou a Operação Prato entre os anos de 1977 e 1978. Foi colocado no comando da expedição para desmitificar o fenômeno e teve contato com as supostas espaçonaves. Suicidou-se em outubro de 1997, cerca de 20 anos depois das atividades militares no Pará, quando era coronel reformado.

A seguir, em mais uma justa homenagem
a Uyrangê Bolívar Soares Nogueira de Hollanda Lima, sua entrevista na íntegra.

Ufo — Coronel, o senhor é o primeiro militar a vir a público e admitir tudo o que pretende uma entrevista como essa. Quais são as razões para isso?
Hollanda — Em 1977, quando ocorreram as coisas que vou descrever, fui muito procurado por ufólogos e pela imprensa para fazer alguma declaração a respeito. Mas não podia falar na época, porque tinha uma obrigação militar. Eu havia cumprido uma missão e não podia revelar qual era. Minha fidelidade era apenas para com meu comandante. Mas depois de quatro meses de estudos e pesquisas, a Aeronáutica interrompeu a Operação Prato. O comandante tinha ficado satisfeito com os resultados e não me competia julgar, na época, se isso era certo ou errado.

Ufo — Então o senhor evitou falar sobre a Operação Prato esse tempo todo?
Hollanda — Eu não podia falar. E também não tinha vontade. Conversei com vários ufólogos, entre eles o general Uchôa, e fui procurado até por pessoas dos EUA, inclusive Bob Pratt [Autor do livro Perigo Alienígena no Brasil, código LV-14 da Biblioteca Ufo]. Conversamos muito em off. Minha posição como militar colocaria o Ministério da Aeronáutica numa situação difícil de se explicar, e além disso havia punições para quem tratasse desse assunto sem autorização. Eu não tinha permissão nem do meu comandante, quanto menos do ministro. E o que eu falasse seria interpretado como sendo a palavra oficial da Força Aérea Brasileira (FAB). Mesmo assim, após o encerramento da Operação Prato, pesquisei e mantive contato com ufólogos de vários países, mas nunca falei nada a respeito.

Ufo — O senhor se reformou da FAB em 1992. Não passou pela sua cabeça conversar com ufólogos antes e relatar tais fatos?
Hollanda — Eu apenas conversava com eles, sem entrar em detalhes. Conversei muito com Bob Pratt quando ele veio ao Brasil, com dona Irene Granchi, com Rafael Sempere Durá e outros. Mas nunca disse que queria falar à televisão ou coisa assim. Pediram-me que escrevesse um livro, mas nunca me interessei. Hoje penso diferente: acho que já deve ser dito alguma coisa sobre a Operação Prato. Esse assunto deve ser propalado e explicado, pois vou fazer 60 anos daqui a pouco. De repente posso morrer, e aí a história se acaba…

Ufo — Por ter procurado a Revista Ufo para dar essas declarações, quer dizer que confia que ela irá fazer um trabalho sério de divulgação sobre o que o senhor está falando?
Hollanda — No fim dos anos 80, começo dos 90, estive conversando com você [Dirigindo-se a Gevaerd] e não pude autorizar a publicação de nada sobre o que falamos em sua revista. Mesmo assim você o fez, por achar que o assunto não poderia ficar escondido. Eu estava na ativa e não podia dar nenhuma declaração formal. O que saiu publicado foi sem permissão, o que nos causou um pouco de complicação na época. Mas precisava ser dito. Alguns anos depois, eu já estava na reserva e a coisa tinha mudado. Já podia fazer declarações sem problemas. E por saber de sua seriedade, da Revista Ufo e de seus demais membros, hoje sinto mais tranqüilidade para falar sem correr o risco disso virar sensacionalismo. Não creio que esta revista vá dar tal conotação a essa matéria apenas para aumentar suas vendas.

Ufo — Obrigado pela confiança, coronel. Mas como é que tudo começou? Qual foi o estopim inicial de seu interesse por Ufologia? Foi anterior à Operação Prato?
Hollanda — Em 1952 eu tinha 12 anos e estava na janela de minha casa, em Belém (PA), quando apareceram uns objetos muito grandes que me chamaram a atenção. Havia uma luz imensa sobre a cidade. No dia seguinte a história estava publicada no jornal. A matéria dizia que aquilo tinha parado sobre uma federação de escoteiros, durante um campeonato de natação, e todo mundo viu. Foi aí que surgiu meu interesse por essas coisas, bem antes de ser militar e muito antes da Operação Prato. Sempre acreditei em vida extraterrena e na possibilidade de “eles” terem a curiosidade de nos observar. Somos um planeta com vida inteligente que deve suscitar interesse de extraterrenos.

Ufo — O senhor chegou a se engajar na Aeronáutica por causa de seu interesse pela vida fora da Terra?
Hollanda — Não. Sempre tive uma paixão muito grande pela aviação e pela vida militar. Como aviador da FAB, cheguei a ser chefe do Serviço de Intendência, no qual tinha muitas atribuições. Minha função era dar suporte administrativo e financeiro para ações do comando ao qual servia. Também fui chefe de operações do Serviço de Informações do meu comando. Era uma tarefa ligada à segurança do Estado, que combatia aos movimentos subversivos durante a efervescência e após a Revolução de 64. Batalhávamos contra as ações de terroristas e de partidos comunistas que tentavam se infiltrar no país.

Ufo — Consta em seu currículo também uma função bastante interessante, como chefe do Serviço de Operações Especiais de Selva. O senhor deve ter muitas experiências para contar.
Hollanda — Sim. A FAB tinha como projeto fazer um “colar de fronteiras”. Era idéia do inteligentíssimo brigadeiro João Camarão Teles Ribeiro, que tinha muito conhecimento da Amazônia. Ele queria formar pontos-chave por todas as fronteiras, construir campos de pouso de 200 em 200 km ao lado de missões religiosas protestantes ou católicas, e assentar lá agrupamentos que dessem assistência aos índios. A FAB daria suporte a tudo isso. Eu trabalhei nessa operação como pára-quedista, pois gostava muito desse tipo de atividade.

Ufo — O senhor efetuou muitas missões na selva? E apareciam muitos índios?
Hollanda — Eram muitas tribos indígenas, com muitos de seus componentes abrindo áreas na mata para construção de campos. Alguns eram aculturados, outros não. Mas a gente sempre trabalhava em algumas missões em contato com eles. Nessa época, as ações do Parasar sempre estavam em alta [Parasar significa Parachute Search and Rescue, termo em inglês para Pára-quedismo e Salvamento]. Eu era um pára-quedista responsável por ações de busca e salvamento na selva.

Ufo — Durante essa época, o senhor tomou conhecimento de algum tipo de descoberta relacionada à arqueologia ou alguma observação feita por militares na Amazônia, ligada a esse tipo de programa?
Hollanda — Sim, alguns colegas tiveram experiências do gênero, principalmente um amigo meu, que relatou que estava sobrevoando a selva e ficou surpreso ao ver uma formação piramidal coberta pela vegetação, no meio do nada. Parece que ali tinha existido algum núcleo de uma civilização muito antiga e que fora abandonada, tendo a selva tomado conta de tudo. Mas havia uma formação piramidal nítida, com ângulos perfeitos no Amazonas. Só não posso precisar exatamente onde. Mas, se não me engano, foi na região do Rio Jaguari. Isso me foi relatado pelo coronel Valério.

Ufo — Coronel, agora que sabemos bastante sobre sua atividade na FAB, vamos falar de Ufologia. Qual foi sua primeira participação na pesquisa ufológica oficial dentro da Aeronáutica? Foi a Operação Prato ou já havia alguma coisa antes disso?
Hollanda — Não, de minha parte não. Minha atividade era somente a segurança do Estado e as coisas que envolviam o comprometimento da segurança nacional. Não tinha nada a ver com UFOs ou seres extraterrestres. Mas eu já tinha conhecimento de alguns casos acontecendo na Amazônia.

Ufo — Esses casos atraíam, de alguma maneira, interesse ou preocupação por parte das Forças Armadas, como se fossem uma ameaça externa à soberania nacional?
Hollanda — Não eram vistos como ameaça externa. Os UFOs eram encarados mais como um fenômeno duvidoso. Alguns oficiais – talvez até a maioria deles – viam os UFOs como uma coisa improvável e faziam muita gozação a respeito. Faziam tanta brincadeira que acho que foi sorte essa Operação Prato sair. Acho que só aconteceu mesmo porque o comandante do 1º COMAR, brigadeiro Protásio Lopes de Oliveira, na época, tinha muito interesse nisso e acreditava em objetos voadores não identificados. Se não...

Ufo — Como surgiu a idéia da Operação Prato? Foi um projeto seu, do comandante do 1º COMAR ou uma coisa do Governo?
Hollanda — Eu não estava em Belém nessa época. Embora estivesse servindo na cidade, fazia um curso em Brasília. Mas, quando retornei, apresentei-me ao chefe da Segunda Seção do 1º COMAR, o coronel Camilo Ferraz de Barros, e ele me perguntou se eu acreditava em discos voadores. Foi meio de surpresa. Eu nem sabia que estava ocorrendo uma pesquisa sobre o assunto. Quando respondi que sim, ele falou: “Então você está designado para este caso”. E me deu uma pasta com o material. Era o início da operação, da qual eu ficaria encarregado, embora nem nome ainda tivesse.

Ufo — De onde veio a idéia de a operação se chamar Prato?
Hollanda — Essa idéia foi minha. Dei esse nome porque o Brasil é o único país no mundo que chama UFO de disco voador. Em francês é soucoupe volante, que significa pires. Os portugueses o chamam de prato voador. Na Espanha é platillo volador, e platillo é prato também. Enfim, até em russo se fala prato, nunca disco, como se faz no Brasil! E como nas Forças Armadas a gente nomeia algumas operações com uma espécie de código, esse caso não podia ser exceção, ainda que não pudesse ser identificado o objetivo da operação. Por exemplo, não poderíamos chamá-la de Operação Disco Voador. Por isso, ficou Operação Prato.

Ufo — Se o senhor recebeu uma pasta de seu chefe, então quer dizer que já estava em andamento alguma investigação a respeito?
Hollanda — Sim, quando eu cheguei de Brasília já havia agentes sendo enviados para investigar as ocorrências de objetos voadores não identificados, porque essa coisa já estava acontecendo há muito tempo na região de Colares, que é uma ilha pertencente ao município de Vigia, no litoral do Pará. O prefeito da cidade mandou um ofício para o comandante do 1º COMAR avisando que os UFOs estavam incomodando muito os pescadores. Alguns deles não conseguiam mais exercer sua atividade, pois os objetos sobrevoavam suas embarcações. Às vezes, certos UFOs até mergulhavam ao lado delas, nos rios e mares, e a população local passava a noite em claro. As pessoas acendiam fogueiras e soltavam fogos para tentar afugentar os invasores. Foi o pavor que fez com que o prefeito se dirigisse ao comando do 1º COMAR solicitando providências, e o brigadeiro mandou que eu fosse investigar as ocorrências.

Ufo — Em algum momento houve a participação ou instruções do comando da Aeronáutica, em Brasília, para que a situação fosse averiguada?
Hollanda — Na época, eu não participava das discussões. Era apenas um capitão e recebia ordens somente. Eu não fiz parte desse trâmite e não sei como as decisões foram tomadas ao certo. Mas, pelo pouco que sei, a decisão foi do comando do 1º COMAR. Se houve envolvimento de Brasília, não tomei conhecimento…

Ufo — Como é que o senhor estruturou a Operação Prato? Quantas divisões, pessoas ou missões teriam que ser empreendidas? Enfim, como o senhor organizou todas as tarefas?
Hollanda — Bem, nós éramos uma equipe, e eu era o chefe dela. Tínhamos cinco agentes, todos sargentos, que trabalhavam na segunda seção do 1º COMAR. Além disso, tínhamos informantes aos montes, gente nos locais de aparição das luzes, em campo, que nos ajudava. Às vezes eu dividia a equipe em duas ou três posições de observação diferentes na mata. Claro que ficávamos constantemente em contato uns com os outros, através de rádio.

Ufo — Qual era o objetivo imediato da Operação Prato? Observar discos voadores, fotografá-los e contatá-los?
Hollanda — Olha, eu queria mesmo é tirar a prova dessa coisa toda. Queria botar isso às claras. Porque todo mundo falava nas luzes e objetos e até os apelidavam com nomes populares, tais como chupa-chupa. E a FAB precisava saber o que estava realmente acontecendo, já que isso se dava no espaço aéreo brasileiro. Era nossa a responsabilidade de averiguar. Mas, no início da Operação Prato, eu queria mesmo era uma confirmação do que estava acontecendo.

Ufo — O que motivou a população local a chamar as luzes de chupa-chupa?
Hollanda — Havia uma série de relatos de pessoas que tinham sido atingidas por um raio de luz. Todas julgavam que o efeito sugava-lhes o sangue. E realmente! Verificamos alguns casos e descobrimos que várias delas, principalmente mulheres, tinham estranhas marcas em seus seios esquerdos, como se fossem dois furos de agulha em torno de uma mancha marrom. Parecia queimadura de iodo. Então as pessoas tinham o sangue sugado, em pequena quantidade, por aquelas luzes. Por isso passaram a apelidá-los de chupa-chupa ou apenas chupa. Era sempre a mesma coisa: uma luz vinha do nada e seguia alguém, geralmente uma mulher, que era atingida no seio esquerdo. Às vezes eram homens que ficavam com marcas nos braços e nas pernas. Na verdade, a cada dez casos, eram mais ou menos oito mulheres e dois homens.

Ufo — E vocês documentaram as marcas verificadas nas pessoas?
Hollanda — Sim, foi tudo visto e analisado por médicos, que às vezes iam conosco aos locais. Sinceramente, eu entrei nessa como advogado do diabo. Queria mesmo era desmistificar essa história e dizer ao meu comandante que essa coisa não existia, que era alucinação coletiva, sei lá. Achava que alguma coisa estava sendo vista, mas que não era extraterrestre...

Ufo — O senhor imaginava que fosse o que, então, aquilo que estava sendo visto e até atacando as pessoas?
Hollanda — Não sei bem. Talvez a plumagem de uma coruja refletindo a luz da lua ou alguma outra coisa dessa natureza. Até acreditava em extraterrestres, mas não que as pessoas os estivessem vendo. E eu fui para lá verificar se era realmente isso. Passei pelo menos dois meses respondendo ao meu comandante, quando voltava das missões, que nada havíamos descoberto. Eram os primeiros dois meses da Operação Prato, nos quais nada vi que pudesse mudar minha opinião. Às vezes passava uma semana no mato e voltava apenas no domingo, para conviver um pouquinho com a família. A cada retorno, meu comandante perguntava: “Viu alguma coisa?” E eu sempre respondia: “Vi luzes estranhas, mas nada extraterrestre”. De fato, víamos luzes que piscavam, que passavam à baixa altitude, mas nada muito estranho.

Ufo — Isso era durante a noite. E o que acontecia de dia? Vocês tinham alguma outra atividade incorporada à Operação Prato?
Hollanda — Sim, tínhamos outras coisas a fazer, que eram parte dos objetivos da operação. Fazíamos entrevistas com pessoas que tiveram experiências, preparávamos os locais para passar a noite e buscávamos lugares quentes para fazer vigílias. Quando descobríamos que algo aparecera em tal lugar, para lá nos deslocávamos. Fazíamos um levantamento da situação, e sempre cadastrávamos os nomes dos envolvidos em um formulário próprio.

Ufo — Que procedimentos ou metodologia eram utilizados na coleta de informações?
Hollanda — Sempre colocávamos o nome da pessoa que teve a experiência, o local onde ocorreu, horário etc. Fazíamos uma descrição de cada fato ocorrido. Assim, se acontecessem três casos numa noite, ouvíamos três testemunhas. Algumas das descrições eram comuns, outras mais estranhas. Às vezes recebíamos relatos de coisas que não podíamos comprovar a autenticidade, como desmaterialização de paredes inteiras ou de telhados, por exemplo.

Ufo — O senhor tem algum caso para ilustrar esse tipo de ocorrência?
Hollanda — Sim. A primeira senhora que entrevistei em Colares, por exemplo, me disse coisas absurdas. Tínhamos saído de helicóptero de Belém só para ouvirmos uma mulher que tinha sido atacada pelo chupa-chupa. Vi que ela tinha realmente uma marca no seio esquerdo. Era marrom, como se fosse uma queimadura, e tinha dois pontos de perfuração. Quando conversamos, relatou-me que estava sentada numa rede fazendo uma criança dormir quando, de repente, o ambiente começou a mudar de temperatura. A senhora achou aquilo esquisito, mas nem imaginava o que iria ocorrer a seguir. Então, deitada na rede, viu que as telhas começaram a ficar avermelhadas, em cor de brasa. Em seguida, ficaram transparentes e ela pôde ver o céu através do telhado. Era como se as telhas tivessem se transformado em vidro. Ela via o céu e até as estrelas.

Ufo — Histórias bizarras como essa eram muito comuns durante a Operação Prato?
Hollanda — Muito, e me assustavam bastante, porque nunca tinha ouvido falar dessas coisas. Quando ouvia casos assim, ficava cada vez mais preocupado e curioso. Essa gente parecia ser sincera. Por exemplo, através do buraco que a mulher descreveu ela viu uma luz verde brilhando no céu. A senhora então ficou meio dormente, até que, em seguida, um raio vermelho que saiu do UFO atingiu seu seio esquerdo. Era curioso que na maioria das vezes as pessoas eram atingidas do lado esquerdo. E tem mais: exatamente na hora em que estávamos falando disso, uma menina chegou perto e disse: “Olha, aquilo está passando aqui em cima”. Quando saí da casa, vi cruzar a luz que a moça estava apontando, numa velocidade razoável, ainda que o céu estivesse bastante encoberto. Não era muito veloz e piscava a cada segundo, dirigindo-se ao norte. Parecia até um satélite, só que essa luz voltou em nossa direção – e satélites não fazem isso! Logo em seguida, aquilo ficou mais estranho ainda. Mesmo assim, não poderia dizer se era uma nave extraterrestre. Aliás, eu não estava lá para classificar qualquer coisa que surgisse como sendo disco voador.

Ufo — Vocês utilizavam algum tipo de equipamento de radar que pudesse confirmar ou fazer acompanhamento desses fenômenos?
Hollanda — Não. Todos os aeroportos têm radares fixos. Nós não portávamos nada desse tipo.

Ufo — Os ataques que estavam acontecendo com certa freqüência eram comunicados ao Governo, às autoridades estaduais ou municipais?
Hollanda — Sim, claro. Vários médicos da Secretaria de Saúde do Pará foram enviados pelo Governo para examinar as pessoas. Eles analisavam o lugar queimado e tomavam depoimentos dos pacientes, mas não faziam mais nada – nem tinham como. Algumas vítimas se recuperavam facilmente. Outras ficavam muito apavoradas. Havia umas que diziam ficar enjoadas, com o corpo dormente por vários dias. Um cidadão uma vez veio me procurar para dizer que próximo à sua casa tinha surgido uma luz, que focou um raio brilhante em sua direção. Ele me relatou ter ficado tão apavorado que correu para dentro da casa, pegou uma arma e apontou para a luz. Aí veio outra ainda mais forte que fez com que ele caísse. O pobre coitado passou uns 15 dias com problemas de locomoção, mas não houve nada mais sério. Ele não foi atingido por nada sólido, como um tiro, por exemplo. Parece que a natureza dessa luz é uma energia muito forte, que deixa as pessoas sem movimento. Acredito que as autoridades federais estavam informadas de que esse tipo de ataque a humanos estava acontecendo na região, mas desconheço provas. Eu apenas recebia ordens de meu comandante, mais nada.

Ufo — Se esses depoimentos foram coletados desde o início da Operação Prato, quando foi que o senhor teve seu primeiro contato frente a frente com objetos voadores não identificados naquela região?
Hollanda — Foi bastante significativo. Certa noite, nossa equipe estava pesquisando na Ilha do Mosqueiro, num lugar chamado Baía do Sol, pois havia informações de que lá estavam acontecendo casos. Era um balneário conhecido de Belém, bem próximo a Colares, e como estávamos investigando todo e qualquer indício de ocorrências ufológicas, fixamo-nos no local. Nesse período, os agentes que tinham mais tempo do que eu nessa operação – já que peguei o bonde andando –, questionavam-me o tempo todo, após vermos algumas luzinhas, se eu já estava convencido da existência do fenômeno. Como eu ainda estava indeciso, diziam-me: “Mas, capitão, o senhor ainda não acredita?” Eu respondia que não, que precisava de mais provas para crer que aquelas coisas eram discos voadores. Eu não tinha visto, até então, nave alguma. Somente luzes, muitas e variadas. E não estava satisfeito ainda.

Ufo — Eles deram início à operação antes e tinham visto mais coisas? Mas e aí, o que aconteceu?
Hollanda — Eles avistaram mais coisas e acreditavam mais do que eu. E me pressionavam: “Como pode você não acreditar?” Um desses agentes era o sub-oficial João Flávio de Freitas Costa, já falecido, que até brincava comigo dizendo que eu era cético enquanto uma dessas coisas não viesse parar em cima de minha cabeça. “Quando isso acontecer e uma nave acender sua luz sobre o senhor, aí eu quero ver”, dizia ele, sempre gozando de meu descrédito. E eu retrucava que era isso mesmo: tinha que ser uma nave grande, bem visível, se não, não levaria em conta. E para que fui dizer isso naquela noite? Acabávamos de fazer essas brincadeiras quando, de repente, algo inesperado aconteceu. Apareceu uma luz, vinda do norte, em nossa direção, e se aproximou. Aí ela se deteve por uns instantes, fez um círculo em torno de onde estávamos e depois foi embora. Era impressionante: a prova cabal que eu não podia mais contestar. Eu pedi e ali estava ela! Foi então que levei uma gozada da turma. “E agora?”, os soldados me perguntaram.

Ufo — Quando foi isso, exatamente?
Hollanda — Em novembro de 1977, no meio da operação. O objeto tinha uma luz que se parecia com solda de metal, como aquelas elétricas. Foi curioso, pois quando era menino ouvia muitas histórias de coisas que a gente não conseguia enxergar por possuírem luminosidade muito forte. E foi o que eu vi, junto à minha equipe: uma luz azul, forte, de brilho intenso. Mas não vi a forma do UFO, só a luz que ele emanava o tempo todo.

Ufo — Vocês conseguiram fotografar esse objeto brilhante e sua emanação de luz?
Hollanda — Fotografávamos tudo o que aparecia, mas levamos um baile durante uns dois meses com as fotos, pois nelas não saía nada. Sempre tínhamos os objetos bem focalizados, preenchendo todo o quadro da máquina, mas quando revelávamos os negativos, nada aparecia. Pensávamos, às vezes, “ah, agora vai sair”. Mas nada. Isso acontecia com freqüência, até que ocorreu um fato inusitado. Eu estava analisando os positivos, muito chateado por não conseguir imprimir as imagens que víamos em nossas missões, quando peguei uma lanterna que usava em operações de selva, e fiz uma experiência. Foi a sorte.

Ufo — E o que aconteceu?
Hollanda — A lanterna tinha uma luz normal e forte numa extremidade e uma capa vermelha na outra, que servia para sinalização de selva. Era de um material semitransparente de plástico, tipo luz traseira de carro. Tirando-se a tal capa vermelha havia um vidro fosco. Eu olhei para aquilo e me lembrei que os médicos examinam as radiografias num aparelho que tem um quadro opaco com luz por trás [Radioscópio]. Esse equipamento ajuda a fazer contraste de luz e sombra numa chapa de raio-X. Assim, tive a idéia de pegar um filme já revelado e contrapô-lo ao vidro fosco da minha lanterna de selva. Foi então que pude ver um ponto que não conseguia enxergar antes. Eu não estava procurando marca ou objeto algum, e sim uma luz, pois foi isso o que vimos na selva ao batermos as fotos. Só que a tal luz não aparecia, e sim o objeto por trás dela. No caso do rolo que estava analisando, vi um cilindro, que aparecia em todos os demais fotogramas. Ficou claro, então, que não conseguia imprimir a luz do objeto na foto, mas sim a parte sólida dele, talvez por uma questão de comprimento de onda, não sei. Não entendi por que a luz do UFO não impressionava aquele filme, somente a parte sólida. Depois, concluímos que aquele objeto seria uma sonda em forma de cilindro.

Ufo — Vocês fizeram muitas fotografias de UFOs como essas?
Hollanda — E como! Fizemos mais de 500. Eram dezenas de rolos de filmes, uma caixa de papelão cheia deles. Em quase todos os fotogramas havia UFOs ou sondas. E veja você que todos aqueles negativos ficaram na minha frente, por quase dois meses de trabalho, e não conseguimos nada. Não saía luz alguma nas fotos. Aí, depois do que descobri, fomos olhá-los novamente e havia imagens fantásticas. Depois foi só mandar ao laboratório do 1º COMAR para ampliar e ver lindas sondas e UFOs nas fotografias. Dezenas deles!

Ufo — Depois de sua descoberta vocês fizeram novas fotos?
Hollanda — Sim, com a ajuda de um amigo chamado Milton Mendonça, que já faleceu. Ele era cinegrafista da TV Liberal, de Belém, e conhecia muito sobre fotografia. Pedi sua ajuda porque confiava bastante nele e sabia que, participando da operação conosco, não ia comentar nada com ninguém. Assim, informei o fato ao meu comandante, dizendo-lhe que estava com dificuldades no processo técnico fotográfico, e ele autorizou Milton a entrar no esquema. Ele foi conosco em algumas vigílias e sempre nos auxiliava. Até instruiu-nos a usar filmes especiais, com recursos de infravermelho, ultravioleta etc. Pedimos, pois, o material para nossos superiores, em Brasília, e eles mandaram filmes ótimos. Com isso, passamos a ter melhores resultados. Conseguimos fotografar, então, objetos grandes e com formatos que a gente nem imaginava…

Ufo — Quanto à forma, qual era o padrão mais comum que esses objetos apresentavam?
Hollanda — No início da Operação Prato vimos o que todo mundo falava: sondas e luzes piscando. Inclusive, tinha um padre norte-americano, chamado Alfred de La O, também falecido, que nos dava descrições de sondas e objetos nesse formato. Ele era pároco em Colares e falava de uma sonda que tinha visto várias vezes. Segundo Alfred, ela era mais ou menos do tamanho de um tambor de óleo de 200 l. Essa sonda apresentava um vôo irregular, não era uma trajetória segura. Voava como se tivesse balançando, e emitia uma luz. Às vezes andava junto às outras, que iam e vinham de um ponto a outro. Um dia, ela passou por cima de nós.

Ufo — Vocês chegaram a perceber algum tipo de interação entre o que faziam e o comportamento do fenômeno?
Hollanda — Essa pergunta é bastante interessante, pois aquilo era uma coisa muito estranha. Eles, seja lá quem fossem, mostravam ter absoluta certeza de onde nós estávamos e o que fazíamos. Parecia que nos procuravam, pois, quando menos esperávamos, lá estavam, bem em cima da gente. Não mais do que um mês depois de passarmos a conviver nos locais de aparições, essas sondas começaram a vir sempre até nós. Às vezes, a gente se deslocava de um lugar para outro e lá iam elas, acompanhado-nos quase o tempo inteiro, como se tivessem conhecimento da nossa movimentação.

Ufo — Quer dizer então que os objetos voadores não identificados, de alguma forma, pareciam se interessar pelas atividades da Operação Prato?
Hollanda — Bem, pelo menos sabiam o que estávamos fazendo. Por exemplo, no caso da Baía do Sol, aconteceu algo peculiar. Naquela época já estava terminando o ano letivo e muita gente ficava na praia à noite. Tinha pelo menos umas 100 mil pessoas na orla, naquele fim de semana. No entanto, uma sonda veio para cima de nós, num lugar todo escuro onde não havia mais ninguém. Oras, por que veio ao nosso encontro, na escuridão, se tanta gente estava ali perto, na praia?

Ufo — Esse foi o primeiro grande acontecimento ufológico envolvendo o senhor?
Hollanda — Não digo que tenha sido grande, mas foi bastante significativo. Naquela ocasião voltamos para a base do 1º COMAR pela manhã. Foi quando conversei com meu comandante e disse que, pela primeira vez, algo estranho tinha acontecido.

Ufo — O senhor teve alguma reação física desse acontecimento em seu organismo, algum problema resultante dessa observação específica?
Hollanda — Naquele exato momento não, mas depois notei que todos perdemos um pouco da acuidade visual. Com o tempo, minha visão enfraqueceu ainda mais, tanto que passamos a usar óculos. Mas isso ocorreu em razão de outras exposições que também tivemos mais para frente, em outros inúmeros contatos.

Ufo — Coronel, após um caso como esse, pelo que sabemos, vocês faziam um relatório completo, que era integrado à Operação Prato. Mas vocês também se submetiam a algum tipo de exame médico?
Hollanda — Era feito um relatório do acontecimento, com hora, local, coordenadas geográficas, mapeamento da região etc. Tudo bem descritivo. Mas nunca tivemos que fazer exame médico, mesmo porque nunca tivemos qualquer problema.

Ufo — Quando seu comandante recebeu a notícia sobre o que aconteceu, como ele reagiu? Esses casos ufológicos foram se repetindo? Do que mais o senhor se lembra para nos contar?
Hollanda — Bom, como a Baía do Sol era um local muito favorável para observações de UFOs, passamos a freqüentar a região com bastante regularidade. Tínhamos amigos no Serviço Nacional de Informações (SNI) – que não têm nada a ver com isso – que acompanhavam algumas de nossas missões. Os agentes eram nossos conhecidos, tinham curiosidade, por isso iam conosco. Às vezes, saíam notícias a respeito em um ou outro jornal local, fazendo com que muita gente em Belém comentasse sobre esses avistamentos. Minha mulher [Do primeiro casamento, já falecida] e meu irmão sabiam das coisas que eu estava fazendo. Mas além desse círculo, ninguém de fora da base do 1º COMAR tinha ciência desses pormenores. Mesmo assim, pedia sempre muita reserva à minha esposa e irmão. Tanto que eles nem perguntavam detalhes.

Ufo — A população de Belém sabia que havia uma operação da FAB na região?
Hollanda — Não. Mas sabia que nós éramos da Aeronáutica e estávamos por lá atentos a tudo. Algumas pessoas sabiam que existia uma operação, só não sabiam do nome nem dos resultados. Outras tinham pequenos detalhes, como o fato de eu ser capitão, ou de fulano ou sicrano ser sargento, mas ninguém conhecia os resultados da missão. Nem bem o que exatamente fazíamos. O que se desconfiava era que a gente estava examinando algo. Só. No caso dos oficiais do SNI, quando me pediram para ir, disse que não teria problema, mas que deveriam pedir autorização ao seu chefe [Na época, o chefe do SNI em Belém era o coronel Filemon]. E o chefe deles autorizou, porém não como uma missão do Serviço de Informação.

Ufo — O Serviço Nacional de Informações chegou a desenvolver algum trabalho ufológico depois?
Hollanda — Não. Os agentes só queriam ver aquelas coisas voando, junto de nossa equipe. Eles sabiam que estávamos fazendo um trabalho sério em certos locais de vigília. E como confiavam em nossa experiência, seguiam-nos aos pontos mais prováveis de avistamentos de UFOs. Um dia, junto ao Milton Mendonça, chegamos à Baía do Sol, lá pelas 18h00, e montamos nosso equipamento fotográfico. Ficamos então num lugar escuro, reservado, observando o que viria a acontecer. No entanto, por razões pessoais, tive que voltar mais cedo naquela noite, para estar em Belém às 20h00, pois tinha um compromisso. Por volta das 18h30 surgiram três pontos luminosos alinhados muito alto no céu, em grande velocidade. E olha que eu conheço avião para dizer que a velocidade daquilo era bem acima da média. Os pontos estavam voando no sentido oeste-leste. Quando deu 19h00, apareceram mais dois estranhos objetos piscando alinhados, um atrás do outro, no sentido norte-sul.

Ufo — Qual foi a seqüência com que os fatos se apresentaram?
Hollanda — Bem, o pessoal do SNI não chegava. Tínhamos combinado às 18h00. Ficamos aguardando-os para que acompanhassem nossa vigília. Assim, esperei apenas mais um pouco e começamos a desmontar o material, pois não podíamos mais aguardar. Finalmente, chegaram e perguntaram se tinha acontecido algo. Eu brinquei, dizendo ter marcado às 18h00 e eles só apareceram às 19h00, numa referência ao fato de que ali passa UFO quase que de hora em hora. E um deles fez então uma pergunta idiota: “A que horas passa outro?” Respondi que não sabia e que aquilo não era bonde para ter horário. Falei ainda que eles deviam ficar ali a noite inteira, esperando para ver UFOs. Nesse momento, enquanto conversávamos, um deles disse: “Olha aqui em cima, agora. Olha para o alto”. Foi aí que o herói brasileiro tremeu nas bases, porque tinha um negócio enorme bem em cima da gente. Era um disco preto, escuro, parado a não mais que 150 m de altura, exatamente onde estávamos.

Ufo — Deve ter sido uma experiência fantástica e aterrorizante. O objeto tinha luzes, emitia algum ruído, fez algum movimento?
Hollanda — Ficou parado, mas tinha uma luz no meio, indo de amarela para âmbar. E fazia um barulho como o de ar condicionado. Parecia com o ruído de catraca de bicicleta quando se pedala ao contrário. Aquele negócio era grande, talvez com uns 30 m de diâmetro. Olhamos para aquilo por um bom tempo, até que começou a emitir uma luz amarela muito forte, que clareava o chão, repetindo isso em intervalos curtos mais umas cinco vezes.

Ufo — Qual foi a reação que tiveram os membros do SNI presentes aos fatos?
Hollanda — Não foi só o pessoal do SNI, não. Todo mundo ficou espantado! Eu mesmo nunca tinha visto algo assim, e olha que já estava quase há dois meses nessa operação. Nunca aparecera uma nave dessa forma para gente. Foi tão inusitado que nem lembramos de montar novamente a máquina fotográfica, que já estava guardada, pois já íamos embora. Também não dava tempo, pois estava guardada em caixas próprias e demoraria para que fosse retirada e montada. Só nos restava ficar olhando, assustados, para aquela coisa que iluminava tudo com uma luz amarela forte que ora apagava, ora acendia.

Ufo — Parece que estavam dando uma demonstração a vocês, latejando dessa maneira estranha...
Hollanda — É. O UFO fazia isso em intervalos de dois segundos. Apagava, acendia, apagava. Era uma luz progressiva, que não clareava como um flash, mas que crescia e voltava à mesma intensidade. Estávamos até sentindo que alguma coisa podia acontecer, pois estava escuro, era um local bastante isolado e ninguém sabia que a gente estava lá – só nós e “eles” [Risos].

Ufo — Houve alguma ocasião em que outras equipes de diferentes órgãos do Governo participaram junto a vocês?
Hollanda — Não. O que eu sei é que houve um vazamento de informações sobre a Operação Prato. Algumas pessoas comentaram sobre a incidência de avistamentos. Creio que o vazamento se deu no Aeroclube de Belém. Teve uma vez em que uma equipe do jornal O Estado do Pará foi para o lugar onde estávamos acampados e, como sabia que agíamos na área, ficou na espreita. Na outra vez eles se enganaram: foram a um ponto onde acharam que estaríamos, mas se deram mal, pois estávamos noutro. Numa dessas aventuras, eles chegaram a ver alguma coisa, porém foi algo tão esquisito que jamais voltaram. Alguns repórteres juraram que nunca mais fariam uma missão dessas. Eles viram uma luz se aproximando à baixa altitude e pegaram o carro para chegar mais perto. A luz se dirigiu até onde estavam e focou um raio em cima deles. Pelo que soube, o teto do carro ficou translúcido, como se fosse de vidro. Aí o objeto fez umas evoluções em cima do automóvel, permitindo até que fotografassem aquilo. As fotos foram publicadas em página inteira. Tinham uma nitidez incrível. Mas depois do susto que tomaram, as testemunhas sumiram de carro – parece que algumas tiveram acesso de vômito e se descontrolaram emocionalmente. Quem pode dar informação sobre esse fato é o Ubiratan Pinon Frias, que era o piloto do Aeroclube de Belém.

Ufo — Com todos esses fatos acontecendo e vocês mandando toda hora relatórios à sua chefia, em algum momento perguntaram a ela se haveria possibilidade de informar a população sobre as ocorrências da Operação Prato?
Hollanda — Não foi feita essa pergunta porque a gente já sabia que não era possível que a população viesse a saber dos acontecimentos. Não seria cabível essa dúvida ao meu comando, porque isso era assunto reservado. Minha missão era coletar dados e entregar ao comandante, e isso era tratado com confidencialidade. Tínhamos que documentar, fotografar e filmar os UFOs, se possível, e entregar tudo ao 1º COMAR. Daí para frente, o destino que seria dado ao material era responsabilidade dele.

Ufo — O senhor tem idéia do que era feito com todo esse volumoso material?
Hollanda — Os relatórios com desenhos, fotos, croquis etc eram preparados, classificados, passados ao comandante e arquivados no próprio 1º COMAR, numa sala reservada. Depois disso, alguns iam para Brasília, segundo fui informado na época. No entanto, pelo que sei, a reação dos altos escalões era de ceticismo – alguns colegas até brincavam com os fatos.

Ufo — O senhor teve conhecimento de que a FAB já teria instituído um sistema de pesquisa oficial quase 10 anos antes, em 1969, chamado Sistema de Investigação de Objetos Aéreos Não Identificados (SIOANI)?
Hollanda — Nessa época, em 1969, eu era tenente na Base Aérea de Belém e foram distribuídos entre nós vários livretos informativos sobre o assunto, pedindo para que os oficiais que se interessassem pelo tema fossem voluntários para preparar relatórios com depoimentos. Foi só. Depois as discussões morreram.

Ufo — Em algum momento houve participação de militares norte-americanos pedindo informações ou detalhes sobre o trabalho de vocês na operação?
Hollanda — Que eu saiba, não. Se isso ocorreu foi em altas esferas e, como já disse, eu era apenas capitão. Não me metia nessas coisas e nem podia saber nada a respeito.

Ufo — A incidência desse fenômeno na Amazônia, durante a Operação Prato, chegou a ser diária?
Hollanda — Sim, era diária e muito ativa. Chegamos a verificar pelo menos nove formas de UFOs. Conseguimos determiná-las e classificá-las. Algumas eram sondas, outras naves grandes das quais saíam objetos menores. Filmamos tudo isso, inclusive as naves pequenas voltando ao interior de suas naves-mãe, as maiores. Tudo foi muito bem documentado.

Ufo — Quais eram os equipamentos que vocês usavam para registrar esse movimento?
Hollanda — Tínhamos máquinas fotográficas Nikon profissionais, com teleobjetivas de 300 a 1000 mm, dessas grandes. Era um terror trabalhar com elas, porque tinham um foco rapidíssimo. Qualquer bobeada, qualquer movimento em falso, e perdíamos os UFOs. Mas eram equipamentos de primeira. Também tínhamos filmadoras e gravadores, na possibilidade de um ruído ser ouvido ou de alguma coisa que pudesse ser registrada.

Ufo — Vocês tinham expectativa dessas naves entrarem em contato com vocês, se é que esse não era um dos objetivos da operação?
Hollanda — Estávamos expostos a tudo. Para falar a verdade – e não estou fazendo mistério –, podia acontecer qualquer coisa, no mato, na selva, nas praias, em qualquer lugar. Estávamos em operação militar e, por obrigação, tínhamos que agüentar tudo. O que quer que ocorresse teria sido no cumprimento do dever.

Ufo — Vocês portavam armas nas missões?
Hollanda — Não, em nenhum momento. Nunca pensei em levar arma, nem mesmo por via das dúvidas. Não esperávamos que houvesse necessidade. Por isso, nem pensamos nessa hipótese, mesmo quando estruturávamos a montagem da operação, sua parte logística, de alimentação, transporte, comunicação etc.

Ufo — Mas houve algum momento dentro da operação em que o senhor teria percebido que esse fenômeno pudesse ser perigoso?
Hollanda — Uma vez, sim. Foi o aparecimento de algo muito forte, tanto que quando essa coisa aconteceu eu tive medo de que pudesse se dar uma abdução. Só comentei com algumas pessoas, e uma delas – meu amigo Rafael Sempere Durá [Consultor da Revista Ufo] – chegou a me repreender gravemente por ter me exposto a algo perigoso. “Seu maluco irresponsável. Você tem comandante. Mas sou seu amigo e estou te proibindo de fazer uma coisa dessas”, disse, zangadíssimo, quando soube o que aconteceu. O fato foi realmente grave. Durante a Operação Prato, estávamos numa embarcação ancorada à margem do Rio Jari quando uma coisa enorme parou a não mais que 70 m do barco.

Ufo — Quais as características desse objeto que o senhor relatou?
Hollanda — Para responder a isso, tenho que dizer porque nós estávamos lá. Bem, fomos ao local porque tenho um amigo, que era oficial da FAB na época, o capitão Victor Jamianiaski, descendente de poloneses radicado em Belém, que gostava muito de pescar e freqüentava o local. Um dia, sabendo que a gente estava nessa investigação, contou-me o caso de um rapaz que trabalhava apanhando barro para uma olaria próxima dali. Essa olaria era de Paulo Keuffer, também de Belém. O rapaz se chamava Luís e me contou um fato incrível. Disse que certo dia, enquanto colhia barro, viu uma paca comendo restos de flores de uma árvore à beira do rio e a acompanhou para caçá-la. Ele voltou à olaria, esvaziou o batelão [Embarcação de 7 a 9 m com motor de centro], aprontou uma espingarda e voltou ao local, onde armou um acampamento em cima de uma árvore. Pendurou sua rede e ficou com lanterna e espingarda preparadas para a chegada do animal.

Ufo — E aí, o que aconteceu?
Hollanda — Bom, quando ouviu um barulho, e pensou que era o animal, passou por Luís uma luz muito forte que logo depois voltou e parou sobre onde estava. Do centro da nave, descrita como sendo similar à cabine de um Boeing 737, abriu-se uma porta ou algo assim e desceu um ser com forma humana. Luís disse-me que não teria visto escada de corda, nem de metal, mas que a entidade tinha descido através de um foco de luz, com os braços abertos. Quando o ser estranho se aproximou, e Luís viu que estava correndo perigo, pulou fora e se escondeu numa árvore próxima, mas ficou observando o que se passava. Então o ser chegou com uma luz vermelha – que não era lanterna, mas estava na palma de sua mão –, e examinou a rede deixada na árvore, como também o lugar onde estava e tudo mais, mas não procurou Luís nem ficou vasculhando o local. O ser foi direto ao local onde o rapaz tinha se escondido, morrendo de medo. Rapidamente, focou um raio de luz vermelha em sua direção, fazendo-o correr para dentro da vegetação.

Ufo — O estranho ser percebeu de alguma forma automática onde estava Luís e foi em sua direção. Não parece boa coisa...
Hollanda — Pois é. Mas Luís saiu por uma margem do rio, tropeçando em troncos e raízes, com dificuldade de caminhar e tudo mais. Aí o ser voltou para a nave e a mesma passou a seguir o rapaz dentro do curso do rio, à baixa velocidade e pouca altitude, talvez à altura da copa das árvores. Luís ia devagar e nem conseguiu pegar o barco que estava mais à frente, como pretendia. Não teve jeito: gritou e atraiu a atenção de algumas pessoas, que vieram a seu encontro. Ao verem aquilo, pularam dentro d'água e ficaram observando a distância, só com os olhos de fora. O que viram foi incrível. A nave parou em cima do batelão, o ser desceu e examinou todo o barco, exatamente como fez com a rede. Aí ele foi até a nave, a porta se fechou e o UFO disparou para longe. Conversei com Luís no 1º COMAR e decidi ir ao local ver a situação. Ao chegarmos lá, eram mais ou menos 19h00 e estava chovendo razoavelmente. Os agentes foram para dentro da casa do zelador da olaria. Como chefe da equipe, não entrei. Permaneci em alerta, esperando para ver se alguma coisa acontecia…

Ufo — E aí, o que aconteceu então do lado de fora da olaria?
Hollanda — Olha, veio uma coisa escura, da qual não pude ver a forma. Não sei se era discóide. Sei lá, só se via as luzes daquilo, uma verde intensa e outra vermelha. Estranho era o barulho que aquele troço fazia, como ar condicionado, porém bem mais forte. Parecia barulho de turbina, como se houvesse uma coisa girando. O objeto passou em cima de onde estávamos, mas em tão baixa altitude que não poderia ser um avião. Nenhum piloto faria aquilo, pois estaria morto. Um vôo rasante daqueles já é perigoso demais num dia claro, imagine com chuva e de noite. Aí eu gritei para minha equipe: “Acabei de ver um treco muito estranho aqui”. Então entramos no barco e fomos para o tal lugar onde Luís tinha tido o contato. Chegando lá, fomos até a árvore onde ele havia caçado a tal paca. Ficamos todos ali embaixo. Mas com a maré enchendo, a gente estava com a água cada vez mais alta...

Ufo — O jeito era subir numa árvore, então, e aguardar os acontecimentos...
Hollanda — Era, pois a maré foi subindo cada vez mais. Ficamos lá, em cima da árvore, aproximadamente umas 10 horas. Quando decidimos ir embora, fomos em direção ao barco, que estava parado na outra margem, e guardamos o equipamento. Quando então que, a mais ou menos uns 2000 m, veio cruzando o rio, de norte para o sul, uma luz muito forte, de cor amarela, âmbar como o Sol, porém em baixa altitude. Aquilo estava em cima das árvores e cruzou o rio na mesma posição que a anterior, praticamente onde ficava a residência do vigia – no local onde eu a tinha visto pela primeira vez.

Ufo — Emitia o mesmo som de ar condicionado ou era alguma vibração mais intensa?
Hollanda — Tinha som, sim. Mas nos concentramos em filmar aquilo. Você pode ver no filme [Que, no entanto, não foi mostrado porque o coronel não o possuía mais] uma tremedeira ou coisa assim, e uma luz como se fosse de chama. Aparece também o rastro dela refletida no rio. Isso tudo foi bem filmado.

Ufo — Quando vocês tinham algum documento desse gênero, uma filmagem espetacular como essa, tal material não ia para Brasília?
Hollanda — Ainda não. O filme ficava retido lá no 1º COMAR. Depois é que Brasília solicitava o material. Eu não acho que eles acreditavam muito nessa história, mas alguém lá queria vê-lo. Falava-se tanta coisa sobre o assunto, mas ninguém queria se expor. Talvez alguém em Brasília pudesse dar crédito para uma coisa dessas, mas tinha colegas lá que eram céticos. Outros ficaram sabendo que os UFOs eram verdadeiros.

Ufo — Voltando à nave que vocês estavam observando, às margens daquele rio, tal experiência deve ter sido extraordinária.
Hollanda — Bom, foi mesmo. E nós registramos hora, altura, direção, essas coisas todas que tinham que constar no relatório. Enquanto aquilo estava lá, à nossa frente, eu pensava: “Agora mesmo é que não saio daqui. Agora vamos ter que ficar”. Mas não tínhamos levado comida, café, água, nada. Não tínhamos levado nada. O que veio a seguir é impressionante.

Ufo — E o que aconteceu?
Hollanda — Como tínhamos que voltar lá para fazer as anotações necessárias, e não havíamos levado nada, Luís se propôs a ir até sua casa – à beira do rio – para nos trazer café, bolacha e água. Ele saiu com um barquinho em direção a uma ilhota de uns 15 ou 20 m de largura, mas muito comprida. Um garoto de uns 9 anos de idade foi com ele. Eles foram remando e sumiram nessa ilha. Logo que Luís desapareceu ao longe, fiquei em pé em cima do toldo do barco. Enquanto isso, os agentes comentavam sobre o que estava acontecendo, mas como eu era o chefe, não podia me dar ao luxo de ficar conversando. Tinha que ficar alerta. Foi então que, à minha esquerda, próximo ao início do rio, veio uma luz muito forte – a mesma luz amarela. Enquanto ela se aproximava, fiquei quieto. E como aquela claridade continuou se aproximando, chamei a atenção dos agentes para o fenômeno.

Ufo — Esses agentes estavam equipados com máquinas fotográficas para registrar o episódio?
Hollanda — Sim. Logo que notaram a presença do objeto, prepararam máquina fotográfica, filmadora, tudo. Aquela coisa veio em nossa direção, a uns 200 ou 250 m de altura. Cruzou por cima da gente e quando chegou perto, na margem do rio, apagou-se. Era uma luz amarela e muito forte, como se fosse um sol, e a gente não via seu formato, somente o clarão. De repente, pudemos notar que objeto tinha uma forma estranha de bola de futebol americano, pontuda e grande – de mais ou menos uns 100 m. Um aparelho translúcido, com janelinhas em toda a sua extensão. Porém, não pude perceber se havia alguém lá dentro, apesar de ter passado devagar como se fosse de propósito. A filmadora estava acionada e como emitia um ruído, pedi para que o agente que a estava manejando, um japonês, parasse de filmar, porque eu queria tirar algumas dúvidas e não desejava interferência de sons. Então o cinegrafista parou.

Ufo — Depois que ele desligou a filmadora, foram ouvidos barulhos mais nítidos que identificaram aquele fenômeno?
Hollanda — O cinegrafista perguntou: “Você está ouvindo?” Respondi que sim. Era um barulho de catraca, esquisito e oscilante. Depois continuamos filmando e fotografando, até que a coisa foi embora, seguindo rumo ao continente. Isso aconteceu entre 11h00 e 11h30, conforme o relatório. Já faz muitos anos, mas recordo-me do horário. Após esse episódio, comentamos sobre aquele troço esquisito. Por volta de 01h00 ou 01h30 a luz voltou, só que não era mais da cor do Sol. Era agora de um azul muito forte e acompanhou a margem oposta do rio. Quando chegou perto da ilha, foi em direção a Belém, mas estava muito baixa, passando sobre as copas das árvores.

Ufo — Essa foi a situação mais complicada? O avistamento mais extraordinário dentro da Operação Prato?
Hollanda — Foi. Aparentemente, a luz se aproximou de Belém, depois voltou em nossa direção. Víamos através das copas das árvores que tinha uma luz lá em cima e que ela havia penetrado a mata.

Ufo — Vocês chegaram a fazer cálculos da distância em que o UFO permaneceu?
Hollanda — Como ele estava à nossa frente, fui até lá por curiosidade e para colher dados exatos para o relatório. Sua distância era de uns 70 m. Aquele monstro azul, embora tivesse um brilho muito forte, podia ser olhado diretamente sem que ardesse a vista. Não havia nada, apenas aquela luminosidade forte. Um troço incrível. Ficamos parados a observá-lo. Então fiquei com medo, porque estava muito próximo, do outro lado do rio, ou seja, à mesma distância de uma trave à outra num campo de futebol. Aquele objeto ficou parado durante uns três minutos. Enquanto isso, olhávamos em silêncio. De repente, a luz se apagou rapidamente e pudemos ver o que estava por trás dela.

Ufo — E o que era, coronel? Algum objeto diferente?
Hollanda — Era novamente a bola de futebol americano em pé, a uns 100 m de altura, parada e sem janela alguma. Devia ser o mesmo UFO, só que com o interior apagado. Sei lá, alguma coisa desse tipo. Todo mundo ficou com medo. Uma das pessoas ainda perguntou: “E agora? E se esses caras vierem e carregarem a gente, como é que fica?” Tudo era novidade para nós e ninguém sabia o que poderia acontecer dali para frente.

Ufo — Coronel, o senhor está a par do fato de que esse tipo de ocorrência na Amazônia não é uma coisa comum em outros lugares do mundo? Na sua opinião, por que essas naves insistiam tanto em aparecer nas regiões Norte e Nordeste, principalmente na Amazônia?
Hollanda — Não, não sabia que casos como esse eram raros. No meu ponto de vista, o qual expus a alguns amigos, passei a me interessar muito mais pelo assunto depois que terminei meu trabalho na Aeronáutica. Para mim, Ufologia é um assunto muito sério. Descartava muita coisa acerca de avistamentos ufológicos, por nunca ter visto nada que pudesse me dar certeza. Depois que vi uma nave, quis entender o fenômeno, e como oficial de operações de selva quis tirar minhas próprias conclusões. Mas não podia colocá-las no relatório, porque eram pessoais, resultados de um estudo aprofundado... Tivemos muito contato com tribos indígenas, por isso, preocupávamos-nos em não transmitir a eles doença de espécie alguma, pois os índios não tinham anticorpos, ao contrário de nós. Podíamos passar gripe, sarampo, difteria, tuberculose, enfim...

Ufo — Seria uma tragédia?
Hollanda — Com certeza, porque nós temos controle em nosso corpo. Nosso organismo tem defesas, e o deles não. Daí minha preocupação de que mesmo cumprindo a missão, involuntariamente, tivéssemos transmitido doenças aos índios. Felizmente nunca houve um caso desses. Não me lembro de ter prejudicado algum índio dessa maneira. Concluí outra coisa a respeito de por que aqueles seres estariam fazendo isso. Se eu fosse eles e precisasse de um aparecimento aberto, franco, direto, o que teria que fazer? Proteger a mim e a meus companheiros. Mas como? Sabendo o que cada um possui dentro de seu próprio organismo que possa danificar o meu, entende? Essa defesa só poderia ser feita se tivesse uma amostra do nosso sangue e tecidos. Não foi difícil imaginar que eles estivessem fazendo coleta de material genético, para ver o que contínhamos que pudesse danificá-los num contato futuro necessário, certo? Não só sangue, mas também nossas células. Não sei ao certo o que essa luz com alta energia podia fazer, ou se transportava partículas do corpo humano para serem analisadas mais tarde. Hoje ainda não compreendo o tal processo de clonagem. Na época, não pensei em nada disso, a não ser que eles estavam coletando material que pudesse prejudicá-los num possível contato próximo.

Ufo — A população ribeirinha imaginava que a intervenção deles seria uma agressão? Ela chegou a se armar para se defender desse tipo de fenômeno?
Hollanda — Claro, eles imaginavam estar sendo atacados por algum ser maldoso, como um vampiro ou morcego. Os populares pensavam que eram coisas que vinham de fora, de outro planeta. Eles já viam formas estranhas e luzes antes de mim. As naves também, pois demorou muito para eu observá-las.

Ufo — A população ribeirinha dessas regiões andava armada?
Hollanda — Sim, a população que vivia às margens do rio usava foguete, andava armada com espingardas de cartucho e de caça. Foi relatado na Operação Prato que eles portavam armas. Alguns até atiravam, e eu só dizia para não fazerem isso. O próprio padre falava que não havia motivo para tanto: “Vocês nunca vão fazer nada. Quem tentar lhes apontar uma arma ficará 15 dias dormente, imobilizado na rede”.

Ufo — Coronel, essa experiência que o senhor acabou de descrever teve alguma influência em sua vida, em sua forma de ver o mundo? Isso aconteceu no final da Operação Prato?
Hollanda — A Operação Prato foi até quando a Aeronáutica mandou interrompê-la. Esse relato foi passado ao meu comandante, dizendo tudo a respeito de como foi a coisa. Posteriormente, o filme foi revelado e assistido no auditório do Quartel General por vários oficiais.

Ufo — Quais foram as conclusões a que o senhor chegou, a esse respeito?
Hollanda — Não havia dúvidas. Não tínhamos visto a forma do objeto na hora em que se deu o avistamento. Só fomos ver depois da impressão fotográfica. A coisa tinha no alto uma porta aberta, como a de um Boeing. Não havia ser algum dentro do objeto, na fotografia também não aparecia nada, exceto um feixe de luz em direção ao barco onde estávamos. Dessa abertura parecia que alguém focava em nossa direção. Na ocasião, a luminosidade era tão forte que nos impedia de ver qualquer forma no interior daquela bola azul enorme.

Ufo — Com uma declaração desse nível, uma coisa extraordinária como essa, por que o 1º COMAR desativou a Operação Prato em apenas três ou quatro meses de trabalho?
Hollanda — Olha, talvez tenha sido por causa da especulação da população. São perguntas que não podem ser respondidas. Quem são, por exemplo, ninguém sabe. Talvez quem esteja mais avançado sejam os norte-americanos, os russos. De onde vêm? Não há resposta. O que eles querem? Também não sabemos. São as três questões feitas e que ninguém pode responder – o que desmoraliza a Força Aérea e o Governo brasileiro.

Ufo — Mesmo assim, não compensaria à Força Aérea manter o projeto em busca dessas ou de outras respostas? Por que fechá-lo?
Hollanda — Se eu fosse o comandante, continuaria. Mas eu só obedecia ordens, e a ordem era parar. E assim foi cancelada a operação, quer estivéssemos satisfeitos, quer não.

Ufo — O senhor acatou e bateu continência, simplesmente? Sem maiores reações?
Hollanda — Sim, pois já tinha acabado. A conclusão sobre a coleta de material para fazer antídoto, vacina, solução sorológica que inibisse qualquer incidência de moléstia no corpo desses alienígenas, a partir do sangue ou do material colhido do corpo humano, foi exposta quando visitei Rafael Durá, em São Paulo. Depois de uma longa conversa, mostrei minha opinião. Ele disse que era a mais lógica que ouviu a respeito do chupa-chupa, porque o que se ouvia era falar em agressão, e eu discordava: “Não foi agressão de forma alguma. Foi pesquisa ou coleta de material, como alega Jacques Vallée”. Durá me agradeceu, dizendo: “Foi a explicação mais lógica que eu ouvi até agora”.

Ufo — Depois que a operação foi encerrada, o material que vocês coletaram permaneceu em Belém ou foi para Brasília?
Hollanda — Em Belém. Várias vezes eu tentei escrever um relatório final, pois o original era parcelado, caso a caso. Por exemplo, se numa noite o fenômeno se manifestava três vezes, então tinha que ser feito um relatório. Pelo que eu escrevia, baseado em tudo que via, achava que em Brasília iam me chamar de louco, pois eles não estavam lá para presenciar.

Ufo — Mesmo depois do encerramento da Operação Prato o senhor continuou pesquisando, investigando, fazendo suas vigílias? Teve alguma outra experiência interessante?
Hollanda — Bem, eu nunca relatei isso. Estou abrindo exceção para vocês, Gevaerd e Petit, em altíssima confiança, por sua seriedade. Também porque já estou com 60 anos de idade, daqui a pouco faço 70... Isso se eu chegar lá e não desaparecer antes. Eu estava em casa, tinha acabado de receber uns livros que solicitei a Bob Pratt – que me visitou logo no início da Operação Prato –, quando algo aconteceu. Foi uma coisa surpreendente, que quero relatar com calma.

Ufo — O que exatamente Bob Pratt queria com o senhor?
Hollanda — Conversar. Ele queria saber sobre o que tinha havido, porque ele esteve na Ilha dos Caranguejos [Onde aconteceu um grave caso, meses antes] e eu não sabia da existência desse local nem do que tinha ocorrido por lá. Depois mandei verificar a área. Outros ufólogos também me procuraram na época, entre eles o doutor Max Berezowski, o general Uchôa, um ufólogo argentino cujo nome não recordo, Jacques Vallée e Reginaldo de Athayde [Co-editor da Revista Ufo] . Nunca mais mantive contato com Berezowski, mesmo depois de suas cartas e telefonemas. Não tive oportunidade de conhecê-lo pessoalmente, porque minha mulher não concordou em hospedá-lo em casa. Jacques Vallée falou comigo anos depois e me deu até um livro de presente.

Ufo — O senhor estava autorizado a declarar alguma coisa a esses ufólogos naquela época?
Hollanda — Eu conversava com eles sobre o assunto – eles até viram algumas fotografias. Apenas pedi que respeitassem minha posição, pois não podia divulgar informação alguma, o que compreenderam perfeitamente bem. Continuaram trocando correspondências comigo. Eu era freqüentemente consultado sobre alguns casos, inclusive por ufólogos internacionais, da Espanha, Estados Unidos etc.

Ufo — Eles mandavam casos para o senhor analisar e emitir um parecer?
Hollanda — Através de Rafael Durá, de Osni Schwarz [Nesse instante Uyrangê volta a falar sobre sua experiência ao receber os livros de Bob Pratt]. Eu lia todos os livros para me aprofundar mais em Ufologia, humanóides, aparecimentos, abduções, outras coisas, e assim pude me munir de mais conhecimentos sobre a temática. Já não tinha mais nada com a Força Aérea, mas continuava interessado no assunto. Sempre empilhava meus livros sobre uma estante. Um dia, estava deitado, lendo uma obra que não tinha nada a ver com Ufologia, enquanto minha filha, ainda pequena, lia uma revistinha de criança. De repente, os livros se deslocaram como se tivessem sido pegos e a pilha inteira caiu no chão. Ressalto que morava na Vila Militar, bem distante da rodovia, onde não havia trepidação de carro que justificasse a causa de tal circunstância.

Ufo — Eles estavam empilhados na vertical, um sobre o outro?
Hollanda — Quando eles bateram no chão, claro que a pilha desmontou, mas os livros não se espalharam. Eles vieram empilhados até o chão. Minha filha Daniela assustou-se e perguntou: “Pai, que engraçado... Como é que os livros caíram?” Nessa mesma hora, minha mulher estava no andar de baixo, preparando mamadeira para as crianças, quando algo semelhante aconteceu. A bandeja em que estavam os copos e talheres saiu voando da pia, flutuando por toda a cozinha, e então caiu, sem quebrar um copo sequer, apesar do barulho de louça que ouvi de onde eu estava. No momento em que catava os livros do chão, brinquei com minha filha para que ela não tivesse medo. Coloquei-os no lugar e falei: “Vocês estão querendo que eu leia”. Então abri um livro numa página qualquer. Logo em seguida aconteceu o incidente com a bandeja de louças. Pelo barulho pensei que tivesse machucado alguém, cortado talvez.

Ufo — E o que sua esposa achou disso tudo, coronel?
Hollanda — Desci as escadas correndo e, nesse meio tempo, minha esposa vinha subindo com os olhos arregalados, dizendo que não ficaria sozinha diante daquele fenômeno. Perguntei a ela o que havia acontecido: “Não sei. A bandeja saiu voando e foi parar no meio da pia”. Eu não entendi muito bem a história. Levei, então, um copo d'água para ela.

Ufo — E os fenômenos ficaram por isso mesmo, sem mais nem menos?
Hollanda — Dois ou três dias depois, eu estava dormindo por volta da meia-noite, quando um novo fato aconteceu. Estava numa espécie de desligamento, mentalização, deitado junto à minha mulher. De repente, adentrou meu quarto um clarão muito forte, seguido por um estalido, iluminando tudo. Assustei-me ao ver um troço tão estranho. Imediatamente, apareceu um ser atrás de mim, abraçando-me. Achei a situação meio esquisita. Além disso, tinha outro ser na minha cabeceira, que media 1,5 m de altura e estava vestido com uma roupa semelhante à de astronauta ou de mergulho.

Ufo — Colante ou neoprene? Aquele material usado em roupas de surfistas?
Hollanda — Era muito fofa, não era colada ao corpo. Não cheguei a ver seu rosto, mas era cinza, tinha uma máscara parecida com a de mergulho, e o olho não dava para detalhar. Eu estava muito assustado por causa daquele “bicho” que me abraçava e apertava por trás, sussurrando em meu ouvido em português: “Calma, não vamos te fazer mal”. Tinha uma voz metalizada, como som de transmissões computadorizadas.

Ufo — E sua esposa, como reagiu?
Hollanda — Continuou dormindo, sem saber da presença do “baixinho” que estava em minha cabeceira, apertando-me na cama. Não gostei da sensação e da atitude dele. Logo em seguida, outro estalido, e o clarão desapareceu, deixando-me muito assustado.

Ufo — Houve lapso de tempo?
Hollanda — Não me lembro. Fiquei raciocinando se não foi apenas um sonho. Mas o troço era muito esquisito e eu ouvi os dois estalidos. Não me recordo se fui beber água. Acho que desci para tomar alguma coisa, whisky, sei lá.

Ufo — Esse fenômeno voltou a acontecer com o senhor nos dias seguintes?
Hollanda — No outro dia, fui para o quartel hastear a bandeira e bater continência ao som do Hino Nacional. Minha mulher sempre fechava o portão da garagem quando eu saía para trabalhar, por causa dos cachorros e das crianças. Eu tinha um Alfa Romeo azul-marinho naquela época. Quando meti a chave na porta do motorista para abri-la, a porta do outro lado abriu-se sozinha, sem ao menos eu ter tocado no veículo. Ao ver aquilo, minha mulher ficou assustada. Eram muitos fenômenos inexplicáveis que vinham acontecendo. Olhei para meu suposto companheiro e disse, em tom de gozação: “Você não vai andar muito. A viagem é curta”.

Ufo — O senhor sentiu alguma coisa, talvez uma dor de cabeça ou algo assim?
Hollanda — Aí eu me sentei no carro, e quando estiquei a mão para fechar a porta, ela o fez sozinha. Minha esposa assustou-se ainda mais. Fui embora, seguindo rumo ao quartel. Ao hastearmos a bandeira, meu braço esquerdo começou a coçar muito. Eu já estava doido para que a cerimônia acabasse, pois não podia tirar a mão da pala para me coçar. Quando olhei para meu braço, ele estava vermelho. Achei aquilo muito esquisito [Até o dia em que o entrevistamos, em seu braço havia a mesma marca avermelhada].

Ufo — O senhor acha que isso tudo foi conseqüência do quê?
Hollanda — Calma, já chego lá. Meu braço continuou coçando. Por curiosidade, num certo dia, apertei a pele e, ao fazê-lo, apareceu um troço, como se fosse um pedacinho de plástico. No raio-X não apareceu nada. Mas aperte aqui e sinta. [Ao apertar o local, pudemos sentir alguma coisa pontuda, que mais parecia uma agulha].

Ufo — Algum outro componente de sua equipe apresentou qualquer tipo de marca pelo corpo?
Hollanda — Sim, o Flávio. Descobri isso quando todo mundo quis ver o meu ferimento. Ele também possuía a mesma marca na perna esquerda, numa das coxas. Ele acabou falecendo por causa de derrame, em virtude do ferimento na perna. Depois eu conversei com um médico, amigo meu, para o qual mostrei meu braço. Ele me convidou a ir até o hospital para fazer exames. Numa das vezes que fui a São Paulo e conversei com Rafael Sempere Durá, ele pegou uma bússola pequena e pediu permissão para dar uma olhada, colocando o aparelho sobre a minha pele.

Ufo — Essa é, sem dúvidas, uma evidência física sem precedentes...
Hollanda — Os ponteiros da bússola ficaram alterados. Se através de um exame radiológico não se pôde ver absolutamente nada, comentei com Rafael que queria mandar abrir a pele. Ele me aconselhou que não o fizesse.

Ufo — Mudando de assunto, o senhor tem conhecimento de que o Governo brasileiro continua fazendo pesquisas ufológicas, seja na Amazônia ou em outro lugar?
Hollanda — Pesquisa com determinação, com base em um programa, acredito que não. Pelo menos não tenho qualquer informação a esse respeito. Primeiro, porque estou fora, na reserva. Tenho muito pouco contato com o Ministério da Aeronáutica. Possuo amigos lá, mas nunca ouvi falar que o órgão tenha ido investigar qualquer tipo de projeto ou eventualidade.

Ufo — O senhor acredita que deveria haver um programa de pesquisas ufológicas mantido pelo Governo brasileiro?
Hollanda — Na minha opinião, sim. Eu mesmo tenho minhas razões pessoais para crer nisso, mas mesmo que não as tivesse, se eu fosse comandante, mandaria.

Ufo — O que o senhor imagina que foi feito dos documentos e fotografias resultantes dos três meses da Operação Prato?
Hollanda — Creio que tenham sido arquivados, pois não foi dado muito valor a eles. Não tive conhecimento de qualquer repercussão no Ministério da Aeronáutica. Quanto às fotografias, não foram enviadas as 500 para eles. Seguiram apenas as que constavam no relatório e alguns negativos. A maioria delas ficou conosco, guardada nos arquivos do 1º COMAR, e ninguém mais conseguiu obter informação a respeito. A seção à qual eu pertencia é onde se encontram arquivados os quatro filmes batidos e as fitas de vídeo. Na época, o Ministério da Aeronáutica iria ficar com apenas um rolo, mas confiscou inclusive os outros três que pertenciam a mim, que foram comprados com meu dinheiro e, assim mesmo, a Aeronáutica nunca os devolveu.

Ufo — Nunca pensou em guardar um souvenir desse material?
Hollanda — Não. Veja bem: já falei que adoro a FAB, ainda mais quando estava lá dentro. Hoje, eu fico de fora, vendo como é que meus companheiros estão se virando, o que estão fazendo para que ela prospere e engrandeça. Sempre tive um respeito muito grande pela Força Aérea e pelo meu serviço. Eu nunca faria isso com ela. Fiquei calado por 20 anos. Durante esse período, fui consultado várias vezes para que escrevesse ou prestasse alguma declaração.

Ufo — Coronel, o senhor se recorda que publicamos umas fotografias nos anos 80 sem sua autorização? Isso trouxe algum problema para o senhor?
Hollanda — Trouxe sim, muitos embaraços. Eu fui mandado a Brasília para investigar por que aquilo tinha sido vazado, como aquela história tinha se tornado pública. Como o carimbo da Aeronáutica estava exposto, já que naquela época eu era o chefe dessa operação, como é que aquilo saiu? Ninguém foi punido por isso, pois a verdade sobre como as coisas vieram à tona nunca foi descoberta.

Ufo — O senhor acredita que a publicação dessa matéria na Revista UFO, na íntegra, pode causar mais embaraço?
Hollanda — Hoje não. Minha missão foi cumprida. Minha carreira se esgotou após 36 anos de trabalho. Quanto à liberação dos documentos para o público, isso já é decisão do comando. Se liberarem, irão surgir muitas indagações que o Ministério da Aeronáutica e Governo não estão aptos a responder. Para evitar constrangimentos, não se fala nada. Uma vez eu estava assistindo a um programa do apresentador Flávio Cavalcanti. Num interrogatório sobre esse assunto, um cara perguntou por que os UFOs não pousam no Maracanã para todo mundo ver? Se acontecer um caso desses, um pouso na Esplanada do Planalto, por exemplo, aí não tem jeito. Acredito que num futuro próximo “eles” possam ser até um pouco mais abusados. Do jeito que está, em menos de um ou dois anos, acontecerá um contato claro, aberto para toda a população, que será transmitido pelas televisões do mundo.